POEMA DO PRESIDENTE IKEDA

A LONGA E DISTANTE CORRENTEZA DO AMAZONAS

Dedico aos sublimes companheiros do Brasil

Foi realmente
Como uma tempestade me envolvendo...
Um turbilhão
De ardente paixão e emoção...

É pique! É pique! É pique!
É hora, é hora, é hora...

25 de fevereiro de 1984,
Ensaio Geral do Grande Festival Cultural do Brasil...
O brado audaz da vida
Dos jovens do paraíso do samba
Estremeceu o imenso Ginásio de Esportes.

Sorrisos, lágrimas e vozes jubilosas
De vocês, deles e delas,
Pareciam preencher o intervalo de 18 anos
Vividos, dia após dia, com intensa ansiedade.
Este espetáculo
Por mim jamais será esquecido.

Como um grande panorama,
No meu coração,
Que percorria a platéia,
Ressurgia vivamente os dias de interpéries do passado.

No ano de minha posse como terceiro presidente,
Acalentando no meu íntimo as orientações
Do venerado Mestre,
Lancei-me na caminhada do Kossen-rufu Mundial,
E cravei meu passo no solo de São Paulo.

O meu corpo estava desgastado e febril,
Talvez, pela longa viagem pelo estrangeiro.
Houve vozes aconselhando-me
A deixar a visita para uma outra ocasião.

Todavia,
O Brasil seria o Pilar do Kossen-rufu da América do Sul,
O estei do Hemisfério Sul.
Lá, encontravam-se companheiros
Que me agruardavam ansiosamente.
Encorajando e incentivando a mim mesmo,
Assinalei o primeiro histórica passo nessa terra.

No final da longa jornada aérea,
No aeroporto, às 2 horas da manhã,
Encontrei dezenas de pessoas
Que me aguardavam madrugada adentro.

Munindo-me de coragem e empregando toda a minha força,
Trocamos diálogos e incentivos mútuos,
Chegando a registrar a auspiciosa fundação de um distrito,
Com o forte desejo de fincar a cunha da Lei Mística
Firme e profundamente no vasto solo do futuro.

A partir desse dia,
O eco da sinfonia da paz se elevou
Por todo o Brasil, Terra do Sol,
Descortinando a nova vida na história pioneira.

O tempo passou...
A nova visita ocorreu em março de 1966.
No morro do Corcovado do Rio de Janeiro,
Juntamente com os saudosos companheiros,
O juramento de um futuro magnificente.

O aspecto de sua árdua luta,
Na vastidão imensa dessa terra,
Como uma jóia preciosa,
Jamais se afastou de minha mente,
Nem um minuto sequer.

Oito anos depois - março de 1974.
Recebendo o convite para uma nova visita,
Parti rumo à travessia do continente americano
Acalentando no coração a alegria,
Com todo, reencontrar-me.

Contudo, ou talvez pela providência do tempo,
Um contratempo interpôs-se a essa viagem
E a terceira visita deixou de concretizar-se.
A tristeza de vocês, exaurida de lágrimas,
Foi um sofrimento para mim também.
Ah! Quantos vales e montanhas de provações...

O tempo seguiu seu curso e a época amadureceu.
Veio 1984!
Naquele dia,
Estremecendo todo o ginásio,
Resplandeceu intensamente o Grande Festival Cultural.

Oh! Meu Brasil!
Céu e terra que tanto amo!
Solo da paixão,
Nação da esperança e
País do futuro.
Neste grandioso e rico chão
Diferentes raças e
Variadas culturas,
Diversos costumes e
Diversificada natureza e clima exuberantes.

Esses variados fatores mesclam-se em harmonia
Neste Brasil - República Federativa.
As pessoas denominam isto:
Unidade dentro da diversificação.

Na jornada do caos para o cosmo - nossa meta comum,
Promovendo o aprimoramento recíproco e
Restituindo a vida a cada indivíduo,
Eis a terra das potencialidades do Século XXI,
Que encerra a vitalidade
Juvenil, mas ígnea como o magma.

Ah! Meus pais e mães dos tempos iniciais
Que descerraram o alvorecer magnífico
Do Kossen-rufu deste Brasil.

Levantando-se dessa terra de crises,
Acreditando, sempre, em ver a aurora de glórias
Acionando silenciosamente a enxada do desbravamento.
Oh! Meus respeitosos senhores e senhoras.
A espessa parede do idioma,
O profundo abismo das raças,
Por vezes, impedindo o diálogo de mútuos incentivo.

Certamente, houve dias em que, perplexos,
Ficavam tão somente a fitar
O extenso campo sob o sol ardente,
Segurando a enxada da propagação dos ensinos.

Houve também longos dias de perseverança
À espera do céu azul do Kossen-rufu,
Uns amparando os corpos dos outros
Da chuva cruel e impetuosa.

Entretanto,
Estimulando a si mesmo e erguendo-se decididamente,
Nutrindo no coração o Sol do Monarca,
Os senhores iniciaram a marcha da convicção
A fim de executar a sinfonia da felicidade.

Nas vilas das íngremes cadeias de montanhas,
Nas aldeias das florestas de profundo silêncio e
Nas agitadas cidades
Onde ressoam as marteladas das construções,
Ponto a ponto, a luz da Lei Mística foi acendida,
E, esta luz da felicidade estendeu-se para todo o Brasil.
Em toda a eternidade,
Essa história jamais haverá de ser destruída.

Oh! Meus debravadores do Kossen-rufu,
O caminho aberto com lágrimas
Tornou-se hoje, a inabalável e imensa estrada para a paz.
A planta cultivada com suor
Tornou-se, hoje, uma grande árvore de frutos da felicidade.

Esse labor e tormento
Haverão de se converter em ilimitada boa sorte
Beneficiando eternamente gerações e gerações
Com o radiante luzir dos raios ofuscantes.

E os jovens companheiros,
Herdeiros desse sublime espírito,
Dispõem-se a desbravar
Ainda mais amplamente esse caminho,
O paraíso da esperança.

Ouçam!
Ouçam os passos de avanço dos jovens,
Que ao ritmo do dinâmico samba
Ecoando pela vastidão do céu
Fazem estremecer esta grande terra.

Vejam!
Vejam o ardor dos jovens em salvar este mundo,
Resplandecendo e transformando no sol da paixão,
Anunciam o despontar no horizonte
O amanhã do Infinito Passado.

Meus jovens e minhas jovens,
Conforme as parábolas da "Madeira flutuante
E da "Flor de Dongue",
Nós compartilhamos uma profunda relação
E juntos comparecemos à fileira dos filhos do Buda.

O ensino de Daishoni é o "Budismo do Sol".
Assim sendo,
A nossa crença também deve ser como o Sol.

O movimento do sol
É uma continuidade cotidiana
Dia após dia, ano após ano.
Ao amanhecer, ele desponta com seu aspecto imponente
E cruza o céu proporcionando luz e calor
Para depois pôr-se no oeste.
Ontem, hoje e amanhã,
Sendo observado ou não
Ele continua sua órbita simples e regular
Jamais quebrando o ritmo de sua evolução.
Da mesma forma,
A jornada da "prática da fé é a própria vida diária"
Na contínua construção do eterno Kossen-rufu
Também deve seguir o mesmo ritmo.

Ilimitados e abundantes,
O brilho e a magnanimidade do Sol
São a fonte da força do crescimento de tudo.
Sem esta energia,
As plantas, os animais e inclusive o homem
Não poderão viver nem mesmo por um dia.
Tudo que manifesta vida tem como mãe, o Sol.
Apesar de observar as mesquinhas discórdias
E hostilidades dos homens
Ele os aquece
E espera o tempo, cria a época e
Adianta altivos passos de gigante.

A ardente fé coloca em evidência
A nobre personalidade e o humanismo.
O nosso caminho de monarcas da confiança
Como homens soberanos
Assim deve ser.

O So jamais desfaz o sorriso de sua face.
Há ocasiões que espessas nuvens cinzentas,
Talvez por ódio ou temor,
Tentam esconder esse sorriso e seus raios benevolentes.
Há também momentos em que
Chuvas e tempestades atacam-no violentamente.

Porém, ninguém é capaz de roubar
O seu sorriso fecundo e o seu calor.
Da mesma forma como o ímã atrai o ferro,
Em sua volta multiplicam-se grandes botões de flores
De sorrisos e mais sorrisos,
Dos quais ele é sempre mensageiro.

Na terra do exílio em Sado,
Ante a voraz perseguição,
Com um sorriso, disse serenamente:
"Não posso conter o meu grande júbilo."
A nossa atitude como discípulos do Buda Original
Assim deve ser.

Meus jovens,
Pioneiros da vanguarda
Que exultam no paraíso do futuro,
Amem as pessoas e
Estendam a boa vontade a todos.
Colham assim valentemente
A felicidade reunida de além das mil milhas.

A verdadeira religião
É a religião para o ser humano.
A verdadeira religião
É a religião para a paz.
A verdadeira religião
Tem como princípio
Contribuir para a prosperidade social.

Assim sendo,
Nós budistas,
Devemos nos tornar o exemplo para a sociedade,
Como excelentes cidadãos
Visando a paz e prosperidade perenes
Deste Brasil, pátria que tanto amamos.
Esse é o propósito de nossa crença.

Uma pessoa de crença
Imbui-se de auto-disciplina.
No centro da bandeira da sua Pátria,
De verde exuberante,
Destacam-se claramente as palavras "Ordem e Progresso".

Progresso sem ordem
É sinônimo de tumulto.
E ordem sem progresso
É estagnaçào e inércia.

"Ordem e Progresso"
"Regra e Liberdade"
"Dever e Negligência"
Estas palavras são conjuntos de antagonismo -
Vetores eternos quando encontrados.
Entretanto,
A força motriz
Da prosperidade e progresso saudáveis da sociedade
Que cria o equilíbrio entre as partes,
Não é senão a auto-disciplina -
A força verdadeira da crença.

Além disso, exatamente aí,
Sabemos que existe o desígnio do dito sagrado
"Myo é o princípio da revivescência".

Oh! Grande e Majestoso Amazonas,
Em seu leito corre abundante volume d'água.
E, essa correnteza, nascida de uma gota,
Atravessa montanhas e vales,
Transformando terras ressequidas
Em solos verdes e floridos.
Lavando a selva de suas margens,
Abarca incontáveis afluentes.
Esse volume d'água ilimitado,
Percorre uma longa jornada.

O avanço do nosso Kossen-rufu
Sereno e magnificente,
É como esse grande rio.
Juntando inúmeras correntes de pessoas,
Abrindo estensos campos e vales e
Dominando ondas bravias,
A sua meta é o grande oceano da benevolência.

Oh! Meus jovens heróis de sublime missão,
Que bailam em chão brasileiro,
Sejam Majestosos como o Amazonas!
Sejam Imponentes como o Amazonas!
E construam o grande rio do eterno Kossen-rufu
Como o Amazonas, que nunca conheceu a interrupção.

Além disso, regando a grande terra do povo
E fazendo soprar ventos da paz e tranquilidade,
Cultivem o jardim da perene felicidade.

21 de fevereiro de 1987

Dedico este poema orando pela felicidade dos companheiros
E pela prosperidade do Brasil.

DAISAKU IKEDA
Presidente Da Soka Gakkai Internacional

Preciosa Colaboração de
Regina Massako Ito Matayoshi
harumi10@grace.ne.jp   
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