A Sabedoria é a máximo benefício da prática budista
Conferência  SGI USA – Palestrante: Mr. Greg Martin

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No "Gosho sobre a Oração", especificamente sobre a passagem que diz: "nunca deixarão de ser respondidas as orações dos devotos do Sutra de Lótus".

Muitos de nós temos vivido a experiência de nossas orações não serem respondidas. Hoje eu falarei sobre a natureza da oração segundo o Budismo, e como podemos aumentar o poder e o benefício que recebemos de nossas orações.

Nossa prática budista jamais deve converter-se em uma luta de intermináveis Aeons (um tempo infinito) até mesmo para as menores transformações do nosso carma. O Budismo de Nitiren Daishonin foi concebido para produzir efeitos drásticos em nossa vida e em nosso carma. Se isto não acontece devemos nos perguntar porque Nitiren promete que nossas orações serão respondidas.

Todas as nossas orações são respondidas com toda certeza, porém, às vezes a resposta é um não. Certamente se estivermos orando por algo que nos é prejudicial, a resposta nos é dada com um simples não. Por esta razão é que quero falar a respeito da natureza da oração segundo o Budismo de Nitiren Daishonin.

A oração no Budismo de Nitiren Daishonin é significativamente diferente da oração que a maioria de nós está familiarizado desde criança. Se não compreendermos a diferença, teremos a tendência a continuar orando como se estivéssemos falando com algum poder externo a nós mesmos. Com isto, estaríamos abordando só os aspectos superficiais de um Buda, enquanto no nosso interior, permanecemos atados a nossa incorreta forma de pensar.

A oração na tradição ocidental, procura a comunicação com um poder transcendental acima e além de nós. Este poder que não existe dentro da vida dos seres humanos, há de ser encontrado em algum outro lugar. A oração é assim orientada para o externo. Este tipo de visão religiosa se baseia na premissa de que os seres humanos na profundeza de suas vidas são impuros e maus. Estas orações estarão cheias de sentimentos de culpa.

Segundo o Budismo de Nitiren Daishonin, a fonte e o poder estão em nosso interior. Uma oração budista é dirigida para dentro de nós mesmos. Buscamos ajuda em nossa própria natureza – inerente – de Buda. Segundo este ensino, nós, somos por natureza valiosos e bons, por que possuímos a natureza de Buda. As orações budistas estão cheias de um sentimento de responsabilidade e agradecimento.

As orações tradicionais de nossa cultura ocidental tendem ao pessimismo e a superficialidade. O Budismo de Nitiren Daishonin, ao contrário, possui uma visão de vida essencialmente otimista. O Gosho diz: "não despreze o ouro por estar contido em uma bolsa imunda". Se o Irã fosse desprezado, o sândalo não existiria. Se desprezar o sujo pântano do vale não poderão ser recolhidas as flores de lótus que ali florescem. Aqui podemos ver o enfoque fundamentalmente otimista da vida que o budismo possui. Nossas orações devem ser para que colhamos flores de lótus no lamacento poço de nossas vidas. A entonação do Daimoku ao Gohonzon está destinada a abrir nossos olhos para ver florescer flores de lótus. Para nós é extremamente difícil perceber o que existe nas profundezas de nossas vidas. Daishonin revelou o Daimoku para que nós abramos os olhos e vejamos revelados os tesouros que possuímos.

Se recitar Daimoku em frente ao Gohonzon em busca de alguém que venha e lhe traga um milagre, estará buscando no lugar errado. Nossa natureza de Buda se encontra no profundo e obscuro depósito de nossas vidas. Não é fácil encontrá-la, pois possuímos a tendência de buscar a natureza de Buda nas áreas de nossas vidas em que podemos vê-la com facilidade. Dentro de nós não só se encontra a causa de nossos sofrimentos, mas também a solução de nossos problemas. Se dirigirmos nossas orações para fora de nós mesmos, essas orações não serão respondidas. Nada acontecerá.

O Budismo de Nitiren Daishonin ensina que "os desejos mundanos são iluminação", isso quer dizer que são os desejos mundanos causando nossos sofrimentos que nos fazem buscar uma solução, e a solução que o budismo nos dá é a própria iluminação. Todos sabemos que existem problemas em nossas vidas. No Gosho: A Felicidade Nesse Mundo, Nitiren estabelece: "sofra o que tiver que sofrer e desfrute o que tiver de desfrutar, considere os sofrimentos e alegrias como fatos da vida. Ninguém pode evitar os problemas, nem mesmo os santos e sábios". Até os santos e sábios possuem problemas. O budismo aceita o fato de que ocorrem atribulações e que nós sofremos. Nosso sofrimento faz brotar o desejo de erradica-lo e este desejo é que nos inspira a buscar a melhora de nossas vidas.

Pelo fato de não possuirmos sabedoria e porque existe obscuridade em nossas vidas, tomamos atitudes incorretas, apesar de nossa sinceridade, fazemos uma causa negativa ao invés de uma positiva, mesmo que estejamos fazendo o melhor, estamos cheios de ilusões.

Por exemplo, imaginemos uma equipe de beisebol, uma equipe de atletas dedicados e extremamente capazes. Suponhamos que são enviados a Korea para competir na Copa Mundial de Futebol. São informados que se vencerem receberão um milhão de dólares por ano pelo resto de suas vidas. Ficam extremamente motivados! Porém ninguém lhes disse as regras do futebol. Os jogadores entram em campo com suas luvas e bolas, dispostos a ganhar a copa, jogam dando o melhor de si, porém só podem jogar segundo as regras do beisebol porque não conhecem as do futebol. Assim tentam acertar a bola de futebol para dirigi-la a trave e fazer gols. E, são penalizados. Apesar da sinceridade deles, eles utilizam as regras erradas. Não podem jogar porque não conhecem as regras. Na vida também é assim. Você será infeliz se sua vida estiver cheia de falsidade, não importa quanto tem se dedicado. Você continuará fazendo suas causas negativas devido a sua concepção incorreta, perpetuando assim, seu mau carma. Seu desejo de erradicar seus sofrimentos os aumenta mais. É por isso que as vezes parece que quanto mais tentamos resolver algo, pior fica.

Sakyamuni estabeleceu que devíamos eliminar os desejos para evitar os caminhos do sofrimento. Isto para nós não é prático e nos leva a um beco sem saída. Nitiren Daishonin diz que podemos transformar os desejos mundanos usando a sabedoria. Quando estamos sofrendo, podemos fazer Daimoku em frente ao Gohonzon e orar pela sabedoria para ver corretamente a raiz do nosso sofrimento e fazer a causa adequada. A sabedoria nos permite romper esta corrente cármica. Desenvolvemos sabedoria, a qual nos inspira a tomar uma atitude que nos libera do nosso sofrimento e nos leva a aprofundar a fé. Assim pegamos então, um caminho de vida completamente diferente.

Segundo o Budismo de Nitiren Daishonin, a intenção de nossa oração é transformar a concepção errada das coisas em sabedoria. A SABEDORIA É O MÁXIMO BENEFÍCIO DA PRÁTICA BUDISTA. Nossa sociedade tende a promover a concepção de que o propósito da vida é reunir tantas posses materiais quanto possíveis. O budismo diz que este realmente não é o propósito da vida.

Recentemente, um membro da Divisão dos Adultos (atual Sênior) me procurou e disse-me que necessitava de ajuda com seu carma financeiro. Não tinha conseguido mudar este carma nos seus dez anos de prática. A primeira pergunta que lhe fiz foi: que tipo de trabalho você faz? Ele disse que não tinha trabalho. Perguntei o por quê, e respondeu-me que tinha se demitido de seu emprego seis meses atrás. Perguntei o por quê. Disse-me que tinha entrado em desacordo com seu chefe e que sentiu que tinha que se demitir. Conversando sobre seus empregos anteriores, disse-me que sempre se desentendia com seus superiores e acabava perdendo o emprego. Essa pessoa, em dez anos de prática obteve vários empregos e perdeu todos. Perguntei-lhe como esperava progredir financeiramente se não trabalhava. Não existe mágica no budismo, não é sensato pensar que uma pessoa possa progredir financeiramente se não possuir um trabalho. Então me revelou que sua verdadeira pergunta era: por que tenho o carma de ter chefes autoritários? A maioria de nós pensa que as coisas más são culpa do nosso carma. Pensamos que nosso carma existe fora de nós, mas isso não é correto.

ENTÃO, O QUE É CARMA?

Carma é nossa incapacidade de lidar com os problemas que nos acontecem. Não sabemos como resolvê-los quando nos atingem e acabamos errando e assim criando mais problemas. Em todo caso, eu lhe mostrei sua tendência de irritar-se com seus chefes. Ele tinha um padrão claro, mas era muito difícil para esta pessoa perceber que seu problema era a ira. O Budismo diz que se você tem ira, tem veneno da arrogância. Disse a ele que até que ele fosse capaz de controlar sua mente arrogante e a sua ira, não poderia manter um trabalho. Em realidade ele era uma pessoa muito talentosa, porém isto o levou a crer que poderia fazer o que queria no seu trabalho e maltratar os demais.

Disse a ele que precisava encontrar o modo de deixar de perder seus trabalhos. Ele tinha que transformar o seu carma. Disse a ele também, que não permitisse que sua ira o derrotasse, que orasse sinceramente para ter sabedoria de responder às situações de um modo diferente da ira. Até hoje ele está empregado por três anos e recentemente comprou uma casa. Qual benefício seria maior, outro trabalho que talvez poderia perder ou a sabedoria para ver a causa raiz de seu problema para não ter que repeti-lo?

As pessoas pagariam, milhões de dólares pela sabedoria de poder compreender a verdadeira natureza do sofrimento.

O Budismo se refere à vida interior, ao despertar a sabedoria sobre nossa verdadeira natureza. Esta sabedoria é mil vezes mais valiosa que todos os pequenos benefícios que uma pessoa possa juntar. Se nos prendemos na busca de posse materiais, algum de nós poderia pensar que só essa meta "seria uma maravilhosa prova real". Eu não acredito que seja assim. Quantas vezes nos ocorreu pensar ao ver um milionário: caramba, qual será a religião que pratica essa pessoa? Talvez eu me converta a ela.

A procura de posses materiais não é algo negativo, mas, este não é o propósito da vida. O que o ser humano busca é a maneira de transformar a si mesmo. Esta é a natureza da oração do budista. Nitiren Daishonin não diz que os desejos se convertem em benefícios, mas que os desejos conduzem ao conhecimento de nós mesmos.

Naturalmente se nós mudamos, nosso meio reflete essa mudança e experimentamos benefícios. Mas se o que procuramos é o benefício sem passar pelo processo interno, finalmente nada acontecerá. O Gohonzon não tem poder para transformar o nosso meio ambiente, o que o Gohonzon tem é o poder para transformar a nós mesmos. Quando usamos o Gohonzon para nos transformar então nosso meio se transforma. Há uma grande diferença. Deveríamos determinar diante do Gohonzon que resolveremos nosso problema, que ultrapassaremos nosso sofrimento.

Quando você ora ao Gohonzon com esta visão, se surpreenderá ao ver o que percebe de você mesmo e o que precisa melhorar na sua vida. O Budismo tem a ver com a reforma interior e não com a reforma exterior. Naturalmente no ambiente também ocorrem benefícios mas em realidade esta não é a idéia central.

Temos ouvido falar sobre os quatro poderes do Budismo. Os poderes da FÉ e da PRÁTICA fazem brotar os poderes do BUDA e da LEI? No Gohonzon? Não. O poder do Buda e da Lei estão na natureza do Buda dentro de nossa própria vida. Os poderes da Fé e da Prática nos despertam e os fazem brotar.

A força de nossa fé determina o grau em que manifestamos o poder do Buda e o poder da Lei em nossa vida. Qual é o poder do Buda? O poder do Buda é a sabedoria. Quer dizer, a mente do Buda, ou seja, a mente que percebe a verdadeira natureza de todos os fenômenos. Qual é o poder da Lei? É o corpo e a ação do Buda. Quando oramos ao Gohonzon, contatamos a sabedoria para perceber a verdadeira natureza do que realmente está acontecendo e encontrar a raiz do nosso problema.

O poder do Buda e o poder da Lei surgem porque usamos nossa voz, a voz do Buda, para orar ao Gohonzon. Oramos ao Gohonzon para ter sabedoria e força para ultrapassar nossos problemas. Deveríamos ter este tipo de determinação na oração. Pode ser que não tenhamos uma chave que nos leve a descobrir o que fazer. Porém não tem problema. É por isso que praticamos. Se já soubéssemos o que fazer não estaríamos sofrendo, já teríamos superado o problema.

Podemos fazer uso da determinação, porém necessitamos sabedoria. Façam Daimoku de frente ao Gohonzon, estudem o Gosho, leia as orientações do Presidente Ikeda e procurem orientação com os responsáveis. Tudo isto funcionará para ressaltar a causa raiz do seu sofrimento.

Um exemplo é quanto você lê uma orientação do Presidente Ikeda com uma atitude séria, não por formalidade, mas com a atitude: "Presidente Ikeda, tenho um problema, necessito sabedoria". Você começa a ler, de repente um parágrafo te enche os olhos e você pensa: "ele está falando para mim"! Então para aí mesmo e aja. Isto é sabedoria. A sabedoria vinda do seu mentor, do seu mestre. Então você perceberá que possui uma relação pessoal com o presidente Ikeda. Você descobrirá que ele está te ensinando as regras. Se você não está buscando sabedoria não encontrará. Se você está somente buscando benefícios não encontrará sabedoria. A sabedoria é o mais valioso dos tesouros.

Nós praticamos o Budismo para conseguir ser a pessoa que queremos ser. Em que tipo de pessoa você está se convertendo? O que queremos é estar iluminados, é ser Buda. Algumas vezes isto pode parecer em realidade muito abstrata, porém converter-se em uma pessoa iluminada, fazer brilhar a luz na sua vida, é algo que você pode fazer todos os dias. Toda vez que você faz Daimoku de frente ao Gohonzon para ter sabedoria de compreender a raiz de seu sofrimento é a ação fundamental que deve realizar para alcançar a felicidade, você está buscando a iluminação. A budicidade não e algo inatingível nem algo que quem sabe um dia atingiremos. Toda manhã e noite você atinge a budicidade.

O Gosho "A Pessoa e a Lei" estabelece o seguinte: "Devido ao fato de que a Lei é Suprema, a pessoa é digna de respeito". Visto que o ensinamento que abraçamos é verdadeiro, quem seja que abrace este ensinamento se converte em uma pessoa respeitável, se converte em Buda. O Gosho continua dizendo: "Visto que a pessoa é digna de respeito, a terra se torna sagrada". Abraçando o Gohonzon atingimos a budicidade. Onde quer que estejamos, esse lugar se converte na terra do Buda. A cozinha se torna a cozinha do Buda, a escola se torna a escola do Buda. Quantos de vocês encontram a terra do Buda quando vão ao trabalho? Quem supostamente pode levar o Buda ao trabalho? É você, que tem o Gohonzon. É você quem tem que fazer despertar a vida de Buda e levá-la ao trabalho. Porém você a deixou em casa no seu Butsudan (oratório).

Se você faz Daimoku ao Gohonzon pela manhã com a determinação de: Levarei comigo a vida do Buda e transformarei o meu local de trabalho. Necessito sabedoria, força e vou estabelecer a diferença. Você se surpreenderá com o poder que já possui par transformar sua vida.

Na "Revolução Humana", o presidente Ikeda disse: "Se uma pessoa crê em algo errado, seja o que for, esse algo o arrastará às profundezas do sofrimento. O mesmo é válido para um grupo de pessoas, sociedade e toda uma nação. Confundir com verdadeiro algo que em realidade é uma ilusão e crer nisto, é a coisa mais terrível da vida". Se as coisas nas quais você crê são equivocadas, estas te conduzirão ao inferno em um minuto. Suas crenças fundamentais são as coisas mais importantes no mundo para você. Se sua vida está baseada em ilusões e fantasias, você se encontrará no inferno e no sofrimento e não poderá sair dali. Praticamos para aprender as regras da vida e mudar nossa visão básica da mesma. Uma vez que você conhece as regras do jogo poderá atuar livremente para sempre.

O presidente Ikeda concluiu dizendo: "Nada ajudará a essa pessoa por mais que seja cheia de boas intenções e por mais esforço que faça. Se essa pessoa crê em algo falso e contrário à ciência, não poderá evitar de atrair para si má sorte. Isto é inevitável. Uma pessoa pode depositar sua confiança em uma doutrina específica, numa ciência, na religião, em seu país, em seus negócios, em seus familiares, em seus amigos, sem suas convicções, na medicina ou na tecnologia. Os seres humanos não podem atuar a menos que acreditem em algo inconscientemente, até aquele que ostenta o seu ateísmo atua sobre a base de alguma crença. Todos os assuntos mundanos não são mais que a soma total de suas ações enraizadas na fé. Crer não é algo separado da vida, tão pouco é algo que se encontra confinado a um grupo selecionado de pessoas. O importante é até que ponto uma pessoa é consciente daquilo que crê. A maioria das pessoas jamais chegou a perguntar-se, se a base de suas crenças é absolutamente correta. Sendo correta ou incorreta sua crença, sendo justa ou malvada, seguem seus caminhos alegremente. E é ali, justo ali, onde está a raiz de sua infelicidade".

Quantas vezes nos temos nos perguntado se nossas crenças fundamentais são corretas? Muitas, muitíssimas vezes vi pessoas com 15 ou 20 anos de prática que se encontram presas, incapazes de avançar. A prática deles se transformou em uma dificuldade. Quando examinamos a causa disto, percebemos que, apesar de conhecerem toda a teoria do Budismo, em seus corações ainda crêem que é responsabilidade dos outros. Estão em Dotai Shin ou "um corpo, muitas mentes" (Não se encontram em harmonia), ou seja, o oposto de Itai Doshin, "muitos corpos e uma mente" (Harmonia entre as pessoas),. Falam como budistas, porém dentro de si mesmo, não possuem as crenças fundamentais e por fim sua prática budista deixou de produzir benefícios, pois não estão tentando transformar suas crenças errôneas em corretas.

O Gosho "Rissho Ankoku Ron" (A Pacificação da Terra através do Verdadeiro Budismo) estabelece: "Portanto, você rapidamente deve transformar as crenças que você mantém em seu coração e abraçar o meio único, a única doutrina correta do Sutra de Lótus".

O Gohonzon é Kanjin no Gohonzon, ou seja, o verdadeiro objeto de adoração de sua própria vida. Quando se faz Daimoku buscando a verdade, você também possui a natureza de Buda. A menos que você tenha coragem de ver a verdadeira natureza de sua vida, não poderá encontrar a natureza de Buda. Tem que ter a coragem para ver.

A pergunta é: funcionará igual às velhas orações? Na "Revolução Humana", volume 10, o presidente Ikeda pergunta se o Daimoku é suficiente. Sua conclusão é não. O Daimoku é a base de tudo, mas por si mesmo não é suficiente. O Daimoku deve se conjugar com outros aspectos da prática. O Gosho "Sobre a Oração", diz: "Jamais aconteceria das orações de um devoto do Sutra de Lótus ficarem sem ser respondidas". Porém, o Gosho "A Estratégia do Sutra de Lótus", diz: "Um covarde não conseguirá que suas orações sejam respondidas". Em outras palavras, é possível que suas orações não obtenham respostas.

O vice-presidente Tsuji disse uma vez: "Todos temos o mesmo Gohonzon e praticamos da mesma maneira, porém vemos que umas pessoas recebem tremendos benefícios, e outras não obtêm quase nada e outras encontram tremendas perdas". Qual é a relação correta com o Gohonzon? Como podemos praticar para receber benefícios? O Gohonzon que está fora de nós nos produz alegria interior e quando estabelecemos uma relação com o Gohonzon ao recitar NAM-MYOHO-RENGUE-KYO, o NAM-MYOHO-RENGUE-KYO que está em nosso interior brotará. Se olharmos o Gohonzon e pensarmos que por fazer isto "vou obter algo", que for fazer a prática vamos obter algo, seremos como um mendigo pedindo. Pode se que nestas circunstâncias possamos receber benefícios, mas o tipo de benefício que recebemos deste modo será tão pequeno como a gorjeta que recebe um garçom em comparação ao valor total da conta a ser paga.

Devemos fazer Daimoku com atitude de que através de nossas orações ao Gohonzon, seja por uma casa nova ou por negócios, ou seja, saúde, podemos contribuir para o Kossen-Rufu (Paz Mundial). Determinem ao Gohonzon: "Pelo Kossen-Rufu, permita-me, por favor, ultrapassar essas dificuldades". Os Deuses Budistas nos darão proteção baseados em nossas orações pelo Kossen-Rufu. Sem pensar no Kossen-Rufu e simplesmente recitando NAM-MYOHO-RENGUE-KYO, obteremos poucos benefícios. Os benefícios derivados das nossas orações baseadas no Kossen-Rufu são tão dinâmicos como voar em um avião, enquanto orar só pelo nosso próprio benefício é tão lento quanto caminhar.

O Gosho "Sobre atingir o Estado de Buda" diz: "Mesmo que você faça Daimoku e acredite em NAM-MYOHO-RENGUE-KYO, se pensa que a Lei está fora de você não estará abraçando a Lei Mística". O que significa isto? Se você pensa que a causa de seus problemas está fora de você e que a solução destes problemas também está fora de você, então não estará abraçando a Lei Mística, e sim um ensinamento inferior. Mesmo que façamos Daimoku diante do Gohonzon, se acreditando que "a resposta está fora de mim", em realidade você não está praticando o Budismo, mesmo recitando Daimoku.

O Gosho segue dizendo: "Ensinamento inferior significa aqueles ensinamentos diferentes a este Sutra, os quais são todos provisórios e transitórios. Nenhum ensinamento provisório conduz diretamente à iluminação, você não pode atingir a budicidade mesmo que pratique existência após existência por incontáveis aeons".

Imagine fazer Gongyo, Daimoku e Chakubuku, participar de reuniões, promover as publicações e participar do Kofu existência após existência durante incontáveis aeons, sem jamais mudar o seu carma, sem jamais atingir a budicidade. Esta é uma idéia deprimente.

 

Daishonin aqui está mostrando a importância que existe em não ver fora de si mesmo. Não tente obter o poder de fora de você. Busque a solução de seus problemas no seu interior, você é o problema e também é a solução.

Se você faz Daimoku em frente ao Gohonzon com a oração: "Me dê sabedoria para compreender o que devo fazer. Me dê sabedoria para saber que ação tomar", você se surpreenderá com o seu avanço. As orações dirigidas para fora não ajudam em nada, por mais que as repitam pelo resto da vida. Daishonin mostra aqui, estritamente que se você vai fazer Daimoku, não perca o seu tempo tentando ajustar as coisas fora de você. O Gohonzon quase não possui nenhum poder para o mundo exterior, porém possui um universo ilimitado de poder para transformar você e a reformar sua vida. Abra sua vida e veja sua verdadeira natureza. Confronte-se com esta verdadeira natureza e a maneje. Ela está caracterizada por um dos três venenos: avidez ou avareza, ira e estupidez. Para descobrir qual é a sua pergunte-se: sou Ávido? Colérico? Estúpido? Será um dos três?

Daishonin segue dizendo: "Você não pode atingir a budicidade, ainda que pratique existência após existência por incontáveis aeons. Atingir a budicidade nesta existência é então impossível. Por exemplo, um homem pobre não ganha um centavo só por contar a riqueza de seu vizinho, nem que o faça noite e dia". Este Gosho segue dizendo que se você não compreende que isto está acontecendo dentro de você e não em outro lugar, você não poderá mudar o seu carma. Sua prática se converterá assim, em uma austeridade interminável e dolorosa.

Vejamos de outro modo. Observe sua vida. Existe uma área de sua vida na qual quando você faz Daimoku parece uma austeridade dolorosa e interminável? Pode ser o trabalho, suas relações, seus filhos ou qualquer outra coisa. Pode ser que esteja muito bem nas demais áreas, mas quando se trata das relações, por exemplo, pode ser totalmente não budista e não obter benefícios. Isto pode continuar por anos. Você pode dar-se por vencido de tanta dor. O problema não é o Budismo, o problema é o seu carma que é muito pesado. O problema é que você está buscando no lugar errado. Você é o problema e não está buscando dentro de você mesmo. É mais fácil ver fora.

Digamos que você tem um grande problema e quer resolver e começa um milhão de Daimoku. Quando chega a 950.000 Daimoku, de repente você percebe que talvez o problema seja eu. Sabendo disto, podemos encurtar um pouquinho este processo. Comece sabendo que "o problema sou eu". Assim poderá progredir ao fazer só 50.000 de Daimoku ao invés de um milhão. A qualidade de sua oração é tão importante quanto a quantidade. Porém a qualidade da oração é extremamente importante. Quando vemos nossa prática, a vemos em uma só direção, ou seja, voltados sós para nós mesmos. A maioria das vezes pensamos que estamos muito bem, mas alguém de fora pode ver claramente se a conduta da nossa prática desviou-se. Isto é especialmente válido quando se tem encarregado com maior experiência na prática. (REVEJA ISTO)

É por isto recebemos orientações.

Quando você vai receber orientação, o que você imagina que te dirão? Faça Daimoku! Não é assim? Aconteceu alguma vez que o orientação foi: "Penso que você está fazendo muito Daimoku." Infelizmente não.

Você já sabe a princípio quando vai receber uma orientação, qual será a conclusão. A pessoa que dá orientação também sabe qual será a conclusão, então, para que se recebe orientação? A razão se deve ao fato de que seu Daimoku não está alcançando o Gohonzon. Nada acontece e você se sente frustrado. Precisa de alguém que lhe diga algo: "Ah! Sua concepção se tornou uma concepção não budista, você perdeu o espírito correto e está fazendo Daimoku por uma motivação errada". O poder da orientação é redirecionar nossa oração ao Gohonzon para obter o benefício de começar a fluir novamente.

Quando perdemos a perspectiva budista e começamos a ver fora de nós, seja culpando os outros ou pensando que o problema está fora de nós, não existe uma voz que nos diga: "Êpa, você está voltando a olhar fora de você". Você continua agindo como no passado e sem perceber que seu Daimoku está perdendo a força. A felicidade já não está presente.

Pode ser que você comece a pensar: Talvez eu nunca tenha alcançado benefícios! Talvez esta prática nunca tenha funcionado para mim. Começam a aparecer as dúvidas e é assim que se enfraquece a fé, e é por isso que precisamos de orientações e incentivos de como fortalecer nossas orações. Desfazermos de toda concepção não budista e dirigir a oração para nossa Revolução Humana. Após uma orientação a gente começa a perceber os benefícios, porém não pela orientação em si, mas pela nossa oração. A orientação ajuda a pessoa a ver como orar corretamente.

Segundo o Budismo de Nitiren Daishonin, a forma como oramos faz toda a diferença no mundo. O que Significa orar como Devoto do Sutra de Lótus? Um aspecto é que o devoto praticante do Sutra de Lótus toma como base principal três coisas: suas orações não podem ser respondidas se não está praticando para a felicidade dos outros, se não está estudando e se não está fazendo Daimoku. Você sabe se está ou não dando o máximo de si nessas áreas. Se sua prática perdeu o poder de produzir benefícios, eu no seu lugar começava a analisar estas três etapas da prática e perguntava: estou esforçando ao máximo de minhas capacidades no estudo, na prática para mim e para os outros, se você quer mudar sua vida com maior rapidez, fortaleça estes três aspectos.

Algumas pessoas pensarão ao que o presidente Ikeda disse-nos em fevereiro de 1996, que "demonstrar a prova real em sua vida quotidiana é o mesmo que praticar para os outros". Mas não é assim uma coisa é tão importante quanto a outra, isto é certo. Devemos demonstrar a prova real na nossa vida quotidiana e praticar para os outros, visto que são duas coisas diferentes.

Praticamos em dois âmbitos diferentes, e o que o presidente Ikeda estava dizendo era que não levaremos a sério a prática para os outros descuidando da nossa vida quotidiana. Também estava dizendo que não pratiquemos para obter benefícios as custas dos demais. Lute para satisfazer ambas. O estudo é a coluna vertebral para poder fazer isto.

A oração do Devoto do Sutra de Lótus é respondida porque ele leva a sério estas três práticas fortemente. O Devoto do Sutra de Lótus não está buscando benefícios pessoais, mas esclarecimento e sabedoria para converter-se em um Buda, você obtém benefícios.

O presidente Ikeda deu a seguinte orientação: "Segundo o budismo as orações nunca terminam no próprio ato de orar, mas incluem as ações que uma pessoa investe para realizar seus objetivos". É assim como no caso da flecha que primeiro puxamos a corda do arco ao máximo para trás, tencionando o arco para que a flecha seja disparada carregada de energia ao seu objetivo. A oração é fútil. Uma oração é resultado de um grande senso de responsabilidade.

Outro aspecto do carma que é mal interpretado com freqüência é o seguinte: às vezes pensamos que nosso carma é algo que está fora de nós. No entanto a conduta de outra pessoa não é o seu carma. Seu carma é que você não sabe como responder ao comportamento do outro. Você não pode manipular a conduta do outro e então responde de forma equivocada. Este é o seu problema. O seu comportamento é o seu carma. Às vezes pensamos que somos uma pessoa terrível. Não é certo, pois ela é uma pessoa terrível por si mesmo.

A pergunta é: Porque você está sofrendo? Você tem o carma de estar com esta pessoa, porém de qualquer maneira essa pessoa ia ser assim. Você não fez nada para que Lea fosse assim. Pergunte a si mesmo. Porque você é incapaz de manejar esta pessoa? Porque esta pessoa te faz enfurecer? Porque você permite que essa pessoa te faça infeliz? Neste caso, você tem o carma de não ser capaz de manipular estas coisas ao seu redor. Este é o seu problema. Quando você faz Daimoku para ser capaz de lidar com esta pessoa, de crescer mais e de ser mais forte que ela para não continuar sendo afetado por ela, então, já daí, ela não te afetará mais. Você transformou o seu ambiente.

O presidente Ikeda continua dizendo nesta mesma orientação: "Nunca surgirá uma verdadeira oração de uma atitude irresponsável, superficial e se levamos as coisas levianamente seja no trabalho, na vida quotidiana e com relação à própria existência. Quem assume a responsabilidade de tudo está envolvido ou comprometido e trabalha seriamente para melhorar, esta pessoa desenvolve fortes orações. A vida por si só é uma batalha. Você ganha ou perde. Nem sempre o resultado é determinado pela experiência ou habilidade que possuímos. O mais importante é a decisão de vencer. Então ore sinceramente com todo o seu poder, fazendo surgir uma grande sabedoria toda vez que fizer o esforço necessário, realizará o seu objetivo".

Tenha uma determinação de: Ultrapassarei meu sofrimento, infalivelmente vencerei! Você pode não ter a menor idéia de como fará, portanto, necessita sabedoria e força, e é nesse tipo de oração autopotencializadora que produz resultados.

Na Nova Revolução Humana consta o seguinte trecho: "O Budismo é um ensinamento de razão sem comparação. Porém a força da nossa fé deve se manifestar na forma de estudar, de exercer nossa criatividade e de fazer o dobro de esforços do que qualquer outra pessoa. O Daimoku sincero faz nascer a energia para desafiar tudo isto. Seu Daimoku também deve ser um compromisso. Por isso existem várias formar de orar: Algumas pessoas poder orar para que tudo lhes aconteça sem grandes esforços, porém a religião que estimula esse tipo de oração conduz as pessoas a ruína. Orar segundo o budismo de Nitiren Daishonin, significa fazer Daimoku baseado em um compromisso ou promessa. Esta promessa na sua verdadeira essência, é de realizar o Kossen-Rufu. Significa fazer Daimoku com determinação. Por exemplo: "Realizarei o Kossen-Rufu do Brasil, portanto demonstrarei uma magnífica prova real no meu trabalho. Por favor faça-me capaz de manifestar de alguma maneira meu máximo potencial". É assim que devem ser nossas orações.

É importante também que estabeleçamos objetivos claros e concretos do que desejamos realizar cada dia e então orar e desafiar para a concretização de cada um deles. Essa determinação sincera fará surgir sabedoria e abundância de recursos que conduzem a realização. Em resumo, para vencer na vida precisamos de determinação e de oração, de esforço e criatividade. É errado sonhar em enriquecer rápido com a expectativa de ter sorte de ganhar esse dinheiro de forma fácil ou desonesta. Isto não é fé, isto é fantasia.

No Budismo a oração funciona absolutamente, porém tem de ser uma oração correta. A forma com que fazemos Daimoku é o que faz toda a diferença do mundo. O que estamos fazendo ou pensando enquanto fazemos Daimoku em frente ao Gohonzon é que faz a diferença entre a ganância ou um benefício absolutamente incrível.

Então, vamos refletir sobre o fato de estarmos ou não tenho uma atitude budista ou se o que estão procurando encontrar é que outra pessoa o ajude. Qual é nossa atitude em frente ao Gohonzon? Estamos nos fazendo de vítima ou estamos cheios de determinação de que superaremos nossos sofrimentos? "Preciso de sabedoria e força, porém infalivelmente vencerei!" Com esse tipo de oração não existirá nada que não possamos vencer ou atingir.

Obrigado.

 

Preciosa colaboração de Suzana Grossmann

Sugrossmann@bol.com.br  

 

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