Quinhentos biscoitos da felicidade  
Uma história do Sutra Budista


A interessante história seguinte foi contada pelo Buda em um sermão., foi retratada no Sutra das Cem Parábolas, capítulo 65, por Ananda, seu discípulo mais antigo.

Era uma vez uma esposa que, infeliz com seu marido, havia muito tempo, estava aguardando uma oportunidade para livrar-se dele. Um dia, seu marido foi convidado a realizar um trabalho no reino vizinho (a antiga Índia era um país que possuía muitos reinos), e teria que deixar sua casa para uma longa viagem de negócios. A mulher agora tinha uma oportunidade: ela misturou um pouco de veneno com farinha e junto com outros saborosos ingredientes como mel, gengibre, pimenta, ervas, nozes etc., fez quinhentos "biscoitos da felicidade" .

"Agora você está partindo para uma longa jornada", disse a esposa. "Eu preparei quinhentos "biscoitos da felicidade" para você comer na sua longa viagem de negócios". Uma vez que você tiver saído de nossa cidade, numa terra estranha, você poderá comer os biscoitos se tiver fome".

O marido pegou os biscoitos muito agradecido, sem saber que aquela comida estava envenenada, fora preparada por sua esposa para matá-lo. Logo ele estava fora de sua cidade natal, viajando ao longo de uma grande estrada que cortava o país através de uma imensa floresta. A noite estava caindo e não havia nenhuma casa que pudesse ser vista. Ele decidiu então ficar na floresta selvagem aquela noite. Para evitar os ataques dos animais, ele subiu numa imensa árvore para tentar descansar um pouco. Ele havia esquecido completamente dos quinhentos biscoitos da felicidade e deixou-os juntos aos seus outros pertences no sopé da árvore.

No meio da noite, um bando de rebeldes havia atacado a vizinhança e a tesouraria do reino; pegaram muitas pedras preciosas do palácio, junto com um rebanho de cavalos. Quando eles passavam pela floresta, pararam um pouco para descansar embaixo da imensa árvore, onde o mercador havia ficado. Como eles haviam fugido desesperadamente da perseguição da guarda do rei, estavam muito cansados e famintos.

Assim, quando encontraram os biscoitos envenenados embaixo da árvore, pensaram apenas em satisfazer sua fome comendo a comida.

Pela manhã seguinte, todos os rebeldes foram encontrados mortos. O mercador desceu da árvore e certificou-se de que todos estavam realmente mortos, atravessando os corpos com a espada e a flecha. Ele então pegou as pedras preciosas, colocou-as nos cavalos e dirigiu-se à capital da cidade.

"Eu sou seu criado do reino vizinho", reportou-se ao rei. "A noite passada, quando eu estava viajando pela estrada, eu encontrei um bando de rebeldes vindo do seu reino. Lutei naquela batalha, contra todos eles e os matei. Aqui estão todos os seus cavalos e as pedras preciosas da tesouraria do seu reino".

Depois que o rei enviou um grupo para investigar o que ele havia dito, ficou tão feliz que deu ao mercador estrangeiro uma medalha, um grande prêmio, um pedaço de terra, e um alto posto em seu governo. Os outros oficiais ficaram insatisfeitos, " Porque o rei havia dado um prêmio tão grande a um estrangeiro que poderia ou não, ser digno confiança?

"Tudo bem", respondeu o mercador, " Se vocês companheiros, estão infelizes, eu os desafio a competir comigo em uma disputa. Quem quer ser o primeiro?"

Ninguém se atreveu a aceitar o desafio. Afinal, quem gostaria de lutar com alguém que havia matado um bando de bandidos rebeldes sozinho, sem qualquer ajuda?


Um dia, um feroz leão foi encontrado rondando os vilarejos do reino, matando inúmeras pessoas e animais. Ninguém se atrevia a aventurar-se fora da área rural. Os oficiais sugeriram ao rei, "Aquele estrangeiro descreveu a si próprio como o guerreiro mais valente de todos. Agora você deveria incumbi-lo de matar o leão, pois ninguém mais tem habilidade para isso".

Ao ouvir a sugestão deles, o rei convocou o estrangeiro à Corte Imperial e disse a ele: "Eu vou dar a você a missão de banir o leão de meu reino. Você poderá pegar qualquer arma de nosso exército para fazer o trabalho. Eu estou certo de que você pode fazê-lo."

Após ouvir aquilo, o estrangeiro sentiu o medo da morte em seu coração. Todavia, ele não tinha outra escolha a não ser aceitar a missão. Ele pegou a espada e foi para fora da cidade procurar o leão.

Assim que eles se encontraram, o leão deu um estrondoso rugido e foi de encontro ao estrangeiro. Ele estava tão apavorado que em um salto subiu em uma grande árvore. O leão de uma volta ao redor da árvore e rugiu pavorosamente. O homem aterrorizado entrou em pânico e deixou a espada cair de suas mãos. Mas, um fato aconteceu: a espada caiu direto dentro da boca do leão matando instantaneamente o bicho.

Como a notícia se espalhou ao redor do reino, o estrangeiro foi considerado um grande herói por todos, e foi recompensado ainda com um grande prêmio e uma alta posição na Corte Imperial.

A tradução deste texto é uma preciosa colaboração de 
Luciana Silva de Campos camposlucy@ig.com.br 
Com ilustração de Sandro Neto Ribeiro contato@maisbelashistoriasbudistas.com 

 
Referências  bibliográficas

 

Clique aqui para voltar ao Índice

As Mais Belas Histórias Budistas - http://www.maisbelashistoriasbudistas.com
e-mail: contato@maisbelashistoriasbudistas.com