A parábola da casa em chamas
Capítulo Hiyu do Sutra de Lótus


De acordo com esta parábola, certa vez havia um homem rico que tinha uma grande quantidade de terra e muitas casas e serventes. A sua riqueza era imensurável. A sua mansão era suficientemente grande para quinhentas pessoas viverem confortavelmente. Contudo, a casa estava se tornando velha. Suas vigas, paredes e pilares e base estavam se tornando decadentes, começando a cair em pedaços. Os filhos do rico, contudo, gostavam de brincar nesta decrépita casa. Um dia irrompeu um incêndio e propagou-se rapidamente por toda a casa, mas os filhos estavam totalmente absortos em brincadeiras, e não tinham a mínima idéia de que havia um incêndio.

O milionário viu isto e gritou aos seus filhos: "Fogo! Fogo! Saiam rapidamente, antes que morram queimados! Rápido!" Contudo, os filhos estavam tão entretidos na brincadeira que não ouviam o aviso do pai, realmente não compreendiam o que ele queria dizer com estar em perigo.

O pai estava fora de si, mas como os filhos não o ouviam, decidiu usar uma tática especial. Lembrando-se de que seus filhos gostavam de coisas curiosas e raras, gritou-lhes:

"Tenho algumas coisas raras e maravilhosas para vocês. Se não vierem para receber, mais tarde se lamentarão. Fora da casa tenho algumas belas carretas: uma puxada por um carneiro, um por um veado e uma por um boi. Poderão brincar com elas até se satisfazerem completamente. Agora saiam e eu as darei a vocês."

Quando ouviram a promessa do pai, os filhos apostaram entre si para ver quem seria o primeiro a sair da casa em chamas. Eles disseram então ao pai "Por favor, dê-nos a carreta, de carneiro, de veado e de boi como prometeu. "Assim, o rico deu a cada um dos filhos uma carreta que, na realidade, era mais bonita do que as que esperavam. Cada uma das suas carretas era puxada por um grande boi branco e decorada com sete espécies de materiais preciosos. Elas eram bem maiores e mais bonitas do que qualquer uma das prometidas. O pai observou os filhos desfrutando das suas novas carretas e pensou consigo mesmo: "Minhas riquezas são imensuráveis e amo todos os meus filhos igualmente. Não posso lhes dar veículos inferiores. Tenho riquezas suficiente para dar carretas de boi branco a todas as pessoas no meu país; portanto, certamente darei as mesmas aos meus próprio filhos."

Explanação


Esta parábola é repleta de implicações, e Sakyamuni subseqüentemente revela o que significa. A casa em chamas significa este mundo. Os filhos brincando na casa em chamas são as pessoas no mundo que sofrem nas chamas dos desejos. O rico representa o Buda que aparece no mundo em chamas para salvá-las. O Buda usa de vários meios para salvar os seus filhos queridos das chamas do sofrimento. Na parábola, o rico usou as três espécies de carretas como um meio para salvar os filhos do incêndio. Nos ensinos do Buda, as três carretas representam os três veículos da Erudição, Absorção e Bodhisatva. Sakyamuni tinha exposto os três veículos como metas da vida antes que seus filhos fossem capazes de ouvir o Sutra de Lótus. Com os ensinos dos três veículos, Sakyamuni gradualmente fez as pessoas adquirirem a capacidade de crer e compreender o Sutra de Lótus.

No fim o Buda foi capaz de dar a seus filhos a carreta do grande boi branco, que indica o supremo veículo do Estado de Buda, Isto é, o próprio Sutra de Lótus. Nos Últimos Dias da Lei, o supremo veículo é o Gohonzon das Três Grandes Leis Secretas - o veículo capaz de levar todas as pessoas do mundo a iluminação. O que é especialmente notável a respeito da parábola acima mencionada e o fato de que a vida diária do homem é comparada a brincar numa casa em chamas. Os filhos brincavam totalmente despercebidos do incêndio, e mesmo quando o pai lhes advertiu sobre ele, não compreenderam o que queria dizer. Isto simboliza o fato de que as pessoas absortas em busca dos prazeres imediatos que não podem ver os inevitáveis resultados das suas ações. Elas não compreendem que a lei da causa e efeito governa toda a vida e fazem desesperados esforços para ter lucro, poder e fama. Contudo, elas estão somente criando o carma que as levará ao arrependimento a longo prazo. Embora a parábola tenha sido contada às pessoas da Índia antiga há muito, dá-nos uma notável e precisa descrição da vida de hoje.


Fonte: Revista Terceira Civilização - maio/1985
Referências  bibliográficas

 

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