De quem é a culpa?


 

Um mercador pelo mares comerciava,
E a cada viagem mais rico ficava.
Nenhum golfo ou rocha sua paz abalava;
Nenhum navio com mercadoria voltava.

Outro conheciam a triste adversidade,
O Destino e Netuno tinham forte vontade.
A Fortuna o aportava com tranqüilidade;
Seus servos tinham zelo e habilidade.

Vendia tabaco, açúcar, toda especiaria,
Sedas, porcelanas; que mais você queria?
Sua fortuna, nenhuma outra igualaria:
Tinha a "chave de ouro" que tudo abria.

Teve milhões em outro, luxuosas roupagens,
Só em outro lhe falavam as mensagens.
Cães, cavalos, postilhões de carruagens,
A Fortuna caprichava nas homenagens.

Um amigo perguntou a origem do esplendor.
E ele: "Eu sei a hora certa, sim, senhor;
De pedir, de emprestar seja o que for;
Tenho cuidado e talento, e tudo ao dispor".

Seu lucros eram de tal alçada
Que arriscou outra bela jogada.
Mas a frota acabou malograda;
Imprudente, penou com a empreitada.

Um navio velho na chuva naufragou,
E outro, um bando de piratas levou;
O terceiro até o porto, ileso, chegou,
Mas a mercadoria ninguém comprou.

A Sorte só dá chance, nós saberemos;
Reverteu seus servos em ladrões, aos remos.
O Destino o abateu com um golpe, e veremos,
Deixou a lição que raramente esquecemos.

O amigo soube da sua dor sem demora.
"Foi a Sorte, ai!", o mercador chora.
"Anime-se", diz o amigo, "e agora
Seja mais sábio com o mundo lá fora.

Dou-lhe um conselho saudável:
Costuma atribuir, o homem instável,
Ao Trabalho, a paz e a fortuna amável,
Ao Destino tudo que é desagradável!".

Pois dava vez que nós erramos,
Espantamos, não nos conformamos;
É sempre assim, logo nos queixamos
E o Destino ou Sorte culpamos.

O bem obtemos por nossa conta,
Mas o mal nos prende, nos monta;
Sempre certos, a verdade desponta;
Sempre o Destino é quem apronta!

autor desconhecido

 
Preciosa Colaboração de Mari Inada
madahh@uol.com.br

 
Índice de histórias

Página Principal

 

As Mais Belas Histórias Budistas
e outras histórias..
http://www.maisbelashistoriasbudistas.com/