A Parábola do Rei Konjiki


O Rei Konjiki era um homem extremamente humano e compassivo que era também dotado com a habilidade e poder para governar bem. Ele não lançava impostos para os pobres, não declarava guerra contra estados estrangeiros e encorajou a abundante produção de cereais. A pobreza era inexistente e todos tinham o suficiente para comer em todas as ocasiões. Konjiki estava sempre interessado a respeito do bem-estar dos seus súditos e fazia o seu melhor para resolver quaisquer problemas ou curar quaisquer doenças que confrontavam o seu povo. Como resultado, seu povo o amava e era aplaudido em altas vozes cada vez que aparecia em público.

Infelizmente, havia um poderoso e mau demônio que estava invejoso, tanto do sucesso do Rei Konjiki como da admiração que seu povo tinha por ele. O demônio estava determinado a alterar esta situação, de modo que as pessoas dos domínios de Konjiki sofressem e finalmente viessem a odiar o seu rei. Ele lançou um mau cheiro pela terra e avisou as pessoas enviando uma agourenta luz vermelha no céu.

O Rei Konjiki ficou grandemente alarmado com esta luz, e pediu a vários dos seus astrônomos para determinarem o significado deste sinal. Eles investigaram a situação e tristemente relataram os seus resultados ao rei. "Senhor, temos notícias muito ruins para o senhor. Nos próximos doze anos, não choverá em nosso domínio. Não teremos quaisquer colheitas e o nosso estoque de alimento minguará rapidamente. As pessoas terão pouco para comer e muitos certamente morrerão."

Konjiki ficou profundamente perturbado com estas notícias, mas estava determinado a fazer o melhor que podia para ajudar a salvar o seu povo. Ele convocou seus ministros e ordenou-lhes que determinassem a quantidade de alimento que estava sendo armazenado nos depósitos por toda a terra, averiguassem a população do seu pais e inventassem um modo de distribuir amplas quantidades de alimento para o povo de uma maneira eqüitativa. Fez também saber que todas as pessoas, tanto ricas como pobres, receberiam iguais quantidades de alimento para comer. Não havia exceções para esta regra e mesmo ele, o rei, teria a mesma ração diária, assim como o mais humilde mendigo.

O rei distribuiu esta proclamação porque temia que se algum rico tivesse uma quantidade de alimento e muitos pobres não, os que estivessem famintos fizessem guerra para os que tivessem provisões ocultas. O resultado seria o maior caos e acrescentaria sofrimento a todos. Konjiki sentiu que como todos os homens eram inerentemente iguais, deveriam ter as mesmas oportunidades e benefícios e deveriam passar pelos mesmos sofrimentos. Além disso, uma distribuição igual do suprimento de alimento bem planejada, poderia capacitar à sua nação sobreviver à maldição de doze anos.

Como predito, a seca começou imediatamente e continuou por muitos anos. A benevolência e o cuidadoso planejamento de Konjiki, deu a todo o seu povo o suficiente para comer por muitos anos, mas após uma década a provisão de alimento começou a declinar dramaticamente. Logo, estava claro que a nação não sobreviveria pelos doze anos completos, e que a população inteira estava para morrer de fome.

Finalmente sobrou o suficiente para dar a cada pessoa uma pequena refeição. As pessoas disseram entre si: "Devemos estar gratos ao Rei Konjiki pelo fato de termos sobrevivido tanto. Ele tem feito o máximo para nos salvar e ninguém poderia ter feito melhor. Quando chegar a ocasião da nossa última refeição, vamos ao castelo e agradeçamos pessoalmente a ele. Morramos juntos com ele." As pessoas reuniram-se em volta do castelo e gritaram a Konjiki: "Senhor, tenhamos nossa última refeição juntos."

Neste ponto,, um estranho objeto apareceu no céu. Estava ainda longe, mas estava se aproximando rapidamente. As pessoas não tinham idéia do que era; alguns supuseram que poderia ser um gigantesco pássaro vermelho, enquanto outros temiam que pudesse ser um mau demônio. Quando o objeto chegou perto, contudo, viram que não era demônio ou pássaro, mas antes, uma divindade querida chamada ‘pratyeka-buddha’. Ele era um ser que tinha percebido o significado da Lei Budista e alcançado a iluminação.

Konjiki olhou a divindade e perguntou: "Ó honorável, por que nos visitais? Estais numa missão especial aqui?" O ‘pratyeka-buddha’ olhou e disse calmamente: "Não, não tenho nenhuma razão para vir aqui, mas apreciaria muito se pudesse me dar algo para comer."

Konjiki contou à divindade sobre a situação da sua nação e então ordenou a seus ministros que dessem ao ‘pratyeka-buddha’ o alimento que tinha sido reservado para a sua última refeição. Um dos seus ministros ficou chocado e animou-o a manter o seu alimento. Konjiki sorriu e disse: "Uma refeição a mais não me conservaria vivo por muito tempo. Além disso, o ‘pratyeka-buddha’ honrou-nos com a sua presença aqui. Não podemos recusar o seu pedido."

O ‘pratyeka-buddha’ rapidamente comeu a refeição que lhe foi dada e lentamente flutuou além das nuvens.

Konjiki então voltou-se à multidão e disse: "Meu povo, a vossa dedicação tem-me comovido profundamente, mas agora retornai aos vossos lares e passai as últimas horas com as vossas famílias."

Um grande silêncio caiu sobre a multidão, mas ninguém se moveu. Finalmente uma pessoa avançou e disse: "Senhor, não há mais ninguém em nossos lares para retornar. Todos em vosso reino juntaram-se aqui para morrer convosco."

Assim que falaram, contudo, o céu subitamente encheu-se de nuvens e o sol desapareceu. O trovão soou à distância e as luzes dos relâmpagos podiam ser vistos em todos os lugares. Todos esperavam que caísse uma chuva a qualquer momento, mas ao invés de chuva, começou a cair alimentos do céu. Pães, legumes, carnes - todas as formas de alimentos imagináveis choveram sobre as pessoas. Juntamente com os alimentos choveu ouro, prata e jóias de todas as espécies.

O sofrimento do povo tinha chegado ao fim e desde então o país de Konjiki viveu em paz e prosperidade. Os deuses estavam recompensando Konjiki e seus súditos por sua benevolência e fé no Budismo. Agora, todos compreenderam que um país que segue o Budismo com todo o coração, conhecerá a verdadeira felicidade que nunca cessará de florescer.

Fonte Revista Terceira Civilização - Maio/78


Preciosa Colaboração de Nilcéa Simões
clarinha@ruralrj.com.br

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