A natureza de Buda inerente em todos os seres humanos
(Sutra Mahaparinirvana) 


Certa mãe levou seu filho doente a um médico. Este deu à criança um remédio e instruiu à mãe para que não a amamentasse até que o remédio fosse digerido.

A mãe, não querendo recusar os seios à criança, mas lembrando-se da recomendação médica, untou o peito com uma substância amarga, a fim de que o filho, por sua própria vontade, não mamasse.

Após a digestão do remédio, a mãe limpou os seios e deixou que o filho sugasse.

A mãe empregou este método de salvar o filho porque o amava.

Como a mãe na parábola, o Buda, para remover equívocos e romper os apegos ao ego-pessoa, nega a existência de um ego; e, quando estes equívocos e apegos forem desfeitos, ele explica a realidade da verdadeira mente que é a Natureza Búdica.

O apego ao ego conduz os homens às delusões, mas a fé em sua Natureza de Buda os leva à iluminação.

Certa vez, foi legado um cofre a uma mulher. Não sabendo ela que o cofre continha ouro, continuou a viver na pobreza, até que alguém o abriu e lhe mostrou o ouro. Assim, os Budas abrem a mente dos seres humanos e lhes mostram a pureza de sua Natureza Búdica.

Se todos os seres humanos possuem essa Natureza Búdica, por que os homens se enganam uns aos outros, matam-se uns aos outros e, conseqüentemente, sofrem ?  E por que há distinções de classe, sendo uns ricos, outros pobres ?

Um lutador, que usava como ornamento em sua fronte uma pedra preciosa, um dia, julgou tê-la perdido, quando estava lutando. Sendo ferido pelo golpe recebido, procurou um médico para que lhe pensasse a ferida. Ao fazer o curativo. o médico encontrou a jóia engastada na carne e coberta de sangue e poeira. Apresentando-lhe um espelho, o médico mostrou a pedra preciosa ao lutador.

A Natureza de Buda é como esta pedra preciosa :  sendo coberta pela poeira e lodo de muitos e variados interesses, os homens julgam tê-la perdido, mas um bom Mestre a recupera para eles.

A Natureza de Buda existe em todos os homens. não importando quão profundamente eles a ocultem com a cobiça, a ira, a tolice, ou a soterrem com seus atos ou retribuições. A Natureza de Buda não se perde nem é destruída; tão logo toda a corrupção seja removida, ela sai de sua latência e reaparece.

Como o lutador da estória, a quem foi mostrada a jóia engastada na carne e sangue, por meio de um espelho, a Natureza Búdica, soterrada sob seus desejos e paixões mundanas, é mostrada aos homens pela luz de Buda.

A Natureza Búdica permanece sempre pura e tranqüila, não importando quão variadas possam ser as condições e as circunstâncias dos seres humanos. Assim, como o leite é sempre branco, independentemente da cor da vaca, não importa quão diferentemente os atos perpetrados pelos homens possam condicionar sua vida, nem que diferentes efeitos possam seguir suas ações ou pensamentos, a Natureza de Buda permanece intocável.

Segundo uma fábula corrente na Índia, havia profundamente escondida em grandes moitas de capim, no Himalaia, uma misteriosa erva medicinal. Durante muito tempo, os homens a procuraram em vão, mas, finalmente, um homem sábio a localizou por sua fragância. Enquanto viveu, o sábio a armazenou em uma barrica, dela fazendo um doce elixir; mas, após a sua morte, o doce elixir desapareceu, ocultando-se em uma longínqua fonte nas montanhas, e a água que restou na barrica tornou-se amarga, nociva e de diferente gosto para quem a provasse.

Do mesmo modo, a Natureza de Buda se encontra oculta ao pé das paixões e desejos mundanos e raramente pode ser descoberta, mas Buda a encontrou e a revelou aos homens; como eles a recebem com suas variadas faculdades, ela muda de sabor diferentemente conforme cada um.

O diamante, a mais dura das substâncias conhecidas, não pode ser triturado. A areia e as pedras podem ser pulverizadas, mas o diamante não pode ser rompido. A Natureza de Buda é como o diamante, não sendo portanto rompida.

O corpo e a mente poderão desaparecer, mas a Natureza de Buda não pode ser destruída.

A Natureza de Buda é, na verdade, a característica mais notável dos seres humanos. Os Budas ensinam que, embora na natureza humana possa haver infindáveis distinções, entre as quais, homens e mulheres, não há discriminação nenhuma quanto à sua Natureza Búdica.

O ouro puro é obtido pela fusão do minério e pela remoção da ganga impura. Se os homens fundissem o minério de suas mentes e removessem todas as impurezas da paixão mundana e do egoísmo, poderiam descobrir em si mesmos a pura Natureza de Buda. 


Preciosa Colaboração de Marcio Barros - RJ
marciojgbarros@zipmail.com.br 

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