Nova Revolução Humana – Capítulo "Correnteza Pura"
Brasil Seikyo Nº 1526, 02/10/99

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Parte 24

(...) No dia 15 de Setembro, Shin-iti inaugurou em Osaka o Centro de Pesquisa de Cultura Asiática. Um mês depois, no dia 18 de Outubro, promoveu o concerto sinfônico alusivo à fundação as Associação de Concertos Min-On que teve lugar no Centro Cívico Bunkyo em Tóquio.

Shin-iti idealizou a fundação da Min-On durante a primeira viagem que fez à Índia em fevereiro de 1961, quando visitou a Birmânia (atual Mianmá), Tailândia e Camboja.

Foi na Birmânia que Shin-iti perdeu o seu irmão mais velho durante a Segunda Guerra Mundial. A lembrança de seu irmão fez com que pensasse sobre a construção da paz para evitar a repetição dessa tragédia que atingiu o mundo inteiro e o que era necessário providenciar de forma concreta em direção a esse propósito.

A conclusão a que chegou foi a necessidade de promover o entendimento mútuo entre os povos do mundo e que isso poderia ser desenvolvido de forma mais rápida e eficaz com uma linguagem universal, ou seja, por meio do intercâmbio cultural, promovendo a arte e a música. Foi nessa ocasião que Shin-iti idealizou a fundação de instituições com a finalidade de promover o intercâmbio artístico e musical tendo a Gakkai como mantenedora desse movimento cultural.

Desde então esse projeto veio sendo estudado pelos dirigentes centrais da Gakkai e Shin-iti anunciou a fundação de uma associação cultural por ocasião do segundo Encontro Nacional do Departamento Educacional realizado em 1º de Agosto desse ano.

Foi criada em seguida uma comissão organizadora para preparar a instituição dessa associação, estudando sua denominação, suas diretrizes, plano de atividades e os componentes de sua diretoria.

Depois de tudo pronto, foi programado para o dia 18 de Outubro o concerto sinfônico para oficializar a fundação da Associação de Concertos Min-On. Esse evento foi aberto às 18h30 com a majestosa execução de uma marcha pela Orquestra Filarmônica Fuji formada por representantes da banda masculina da Divisão dos Rapazes.

Parte 25

Depois das apresentações de corais e de recitais de famosos músicos, seguiram as palavras de cumprimentos de alguns convidados parabenizando a iniciativa da Gakkai nos campos artístico e cultural.

Na seqüência falou Eissuke Akizuki como diretor-executivo da Min-On explicando inicialmente os objetivos dessa instituição de promover o intercâmbio de amizade entre os povos.

A palavra Min-On é uma abreviação de Minshu Ongaku Kyotai, inicialmente, a palavra minshu foi escrita com caracteres significando "povo" ou "popular". Entretanto, Shin-iti sugeriu que utilizassem caracteres que tivessem a mesma leitura, porém com o sentido de que o povo é o protagonista do movimento artístico e musical. Com essa denominação, ele procurou difundir a idéia de que o povo é o ator principal no palco de uma nação ou de uma sociedade e também do desenvolvimento de arte e da música para o bem da humanidade.

A palavra ongaku significa literalmente "música" ou "concerto" e kyotai quer dizer "associação".

Akizuki apresentou também em suas palavras as cinco diretrizes da Min-On: 1. Impulsionar um amplo e saudável movimento musical no seio da sociedade; 2. Criar e desenvolver um novo movimento popular de concertos musicais; 3. Incrementar a educação musical para os jovens e adolescentes a fim de elevar o nível das músicas em geral visando o enriquecimento da cultura popular; 4. Promover o intercâmbio cultural por meio da música em âmbito internacional para criar laços de amizade entre os povos do mundo; 5. Contribuir para a formação de excelentes músicos e a divulgação de suas melhores obras pelo Japão e pelo mundo.

Akizuki disse que com base nessas cinco diretrizes a Min-On iria programar inicialmente concertos periódicos como parte do objetivo de criar um novo movimento musical integrado aos anseios do público em geral.

Finalizando os cumprimentos, o vice-diretor-geral da Gakkai, Hiroshi Izumida, nomeado diretor presidente da Min-On, agradeceu aos convidados pela presença e solicitou o apoio de todos para que a Min-On realizasse plenamente seus objetivos.

O concerto alusivo à fundação da Min-On chegou ao final com a execução de várias músicas pela Orquestra Filarmônica Fuji da Soka Gakkai, chegando ao ponto alto com a regência do maestro convidado Hidemaro Konoe, fundador da Associação de Orquestras Filarmônicas do Japão.

A Min-On zarpou dessa forma assumindo a vanguarda do movimento cultural idealizado pelo presidente Yamamoto para construir um mundo de entendimento mútuo entre os povos.

Parte 26

Nessa época, as músicas e canções populares estavam bem difundidas em todas as esferas da sociedade japonesa. Porém, óperas e concertos de músicas clássicas eram apreciados pela elite e estavam distantes do público em geral, além de o preço dos ingressos não ser acessível a todos.

Como primeira tarefa, Shin-iti propôs que a Min-On criasse oportunidades para aproximar e familiarizar o público em geral com as óperas e músicas clássicas, tirando-as do monopólio das classes mais privilegiadas.

Existiam nessa época duas instituições que representavam a cultura musical no Japão. Uma era a Associação Musical de Trabalhadores mantida pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores. A outra, fundada para competir com a primeira, era a Associação Cultural de Música, que tinha como mantenedora a Federação de Empresários do Japão.

Apesar de suas atividades musicais serem promovidas com tendências ideológicas e políticas, Shin-iti não questionava esse aspecto desde que a população fosse beneficiada com a divulgação de músicas de boa qualidade. Sua expectativa era que a Min-On contribuísse de forma concreta para a criação de um movimento cultural sustentado com a participação direta da população.

Durante o concerto sinfônico alusivo à fundação da Min-On, Shin-iti permaneceu na sede recitando Daimoku pelo sucesso do evento. Após o concerto, por volta das 22 horas, Hiroshi Izumida e Eissuke Akizuki retornaram para a sede.

- Presidente Yamamoto, o concerto alcançou um grande êxito. Os convidados ficaram muito impressionados com as diretrizes da Min-On e depositaram nela uma grande expectativa.

Ouvindo o relatório, Shin-iti mostrou-se muito feliz com o sucesso.

E Akizuki disse:

- A maioria dos convidados imaginava que a Gakkai pretendia desenvolver a organização usando a Min-On como um meio para propagar o budismo. Por este motivo, foram surpreendidos pelas nobres diretrizes da Min-On. Um dos convidados chegou a perguntar-me se a Min-On iria tocar as músicas de Natal ou de outras religiões. Eles acham que a Min-On, por estar ligada à Soka Gakkai que é uma instituição budista, manterá também uma postura de não congraçar com outras religiões.

- Na verdade, Sr. Akizuki, os nossos membros também pensam dessa forma.

Parte 27

A Soka Gakkai mantinha uma atitude rigorosa com relação às religiões em geral pelo fato de o nível de suas doutrinas decidir a felicidade ou a infelicidade das pessoas. Por esse motivo, muitos membros sentiam certa resistência em tocar ou ouvir músicas de outras religiões.

A música como arte é uma manifestação da vida humana, e esta mantém um certo vínculo com a religião pelo fato desta fazer parte da vida das pessoas. Nesse sentido, muitas músicas têm caráter religioso. Entretanto, o ato de apreciar uma música religiosa como arte não está vinculado necessariamente à crença.

Por mais que uma religião tenha sido a inspiração da criação artística, o seu florescimento transcende os limites da religião. A beleza de uma flor, independentemente do solo onde cresceu, cativa o coração de todas as pessoas e é apreciada em qualquer lugar do mundo. Essa é a força da beleza. O mesmo acontece com a excelência de uma arte.

Se discriminar a arte pela sua origem religiosa ou ideológica, terá que negar a própria natureza humana. Essa conduta contraria o budismo que prega a liberdade, a igualdade e o respeito absoluto à dignidade da vida, além de expor os princípios filosóficos para o florescimento do humanismo no coração de todas as pessoas. O movimento musical com base nesse contexto do budismo não deve discriminar as músicas desde que elas sejam a pura manifestação do humanismo. Este era o pensamento de Shin-iti Yamamoto.

Diante dessa questão, Shin-iti disse a Izumida e Akizuki:

- A minha preocupação é os membros seguirem um pensamento preconceituoso misturando arte e religião. Nós devemos ser rigorosos com a nossa convicção religiosa quando se trata de outras religiões, mas não com a arte e a cultura. E isso devemos difundir dentro e fora da nossa organização. A arte não deve servir de instrumento ideológico, político ou religioso. Ela possui seu valor próprio e independente que deve ser reconhecido e respeitado. Não pretendo de maneira alguma usar as atividades da Min-On para propagar o budismo, muito menos converter os músicos para beneficiar a Gakkai. Quero que todos compreendam bem esse ponto. Eu fundei a Min-On com o objetivo de oferecer a boa música ao público em geral. Pretendo construir uma nova cultura humana e contribuir para a paz mundial criando laços de vida a vida entre os povos do mundo por meio da música.

Nota: O autor esclarece a relação entre a música e as religiões, considerando a música com arte e cultura. Deixa claro que o ato de tocar ou ouvir uma música que tenha em sua origem um caráter religioso não implica em fé ou crença como por exemplo a "Nona Sinfonia" de Beethoven. Entretanto, quando se trata de canções religiosas cujas letras louvem a doutrina e as entidades de uma crença tendo como objetivo difundi-la na sociedade, recomenda-se que os membros da BSGI evitem cantar essas canções em respeito à sua própria convicção religiosa como budistas. 


Preciosa Colaboração de Marcio Rangel e-mail  ongakutai@ig.com.br, Taiyo Ongakutai Sul Paraná
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