Como se pratica esse Budismo de Nitiren Daishonin?


A resposta é: recitando o NAM-MYOHO-RENGUE-KYO.

A prática dos ensinos do Budismo de Nitiren Daishonin é a recitação do Gongyo e do Daimoku. Gongyo é a recitação de parte do 2º e o 16º capítulos do Sutra de Lótus; e Daimoku é a recitação de Nam-myoho-rengue-kyo.

Tudo se resume unicamente na . Ela contém a verdade, a coragem, a sabedoria e a boa sorte. Inclui também a benevolência e a humanidade, bem como a paz, a cultura e a felicidade.

Fé significa eterna esperança; é o segredo para um ilimitado autodesenvolvimento. A fé é o princípio fundamental para o crescimento.

Os seres humanos possuem um instinto inato e inegável de oração. A religião se tornou uma realidade em resposta a esse fato. A oração não surgiu por causa da religião; foi exatamente o contrário.

Há vários momentos em que se pode sentir o desejo de orar: por exemplo, para tirar uma nota boa numa prova ou para que faça tempo bom. Mesmo aqueles que não se consideram religiosos rezam por algo. Apenas o fato de desejarem boa saúde para seus filhos, ou de decidirem se desenvolver de alguma forma, também constitui uma oração, ainda que não queiram chamar isso de oração.

A oração no Budismo de Nitiren Daishonin – a recitação do Daimoku ao Gohonzon – coloca as nossas diversas orações em fusão com a realidade, tendo como base a Lei universal da vida.

O que as pessoas adotam como seu objeto de adoração constitui algo de muita importância. No Japão, algumas pessoas adoram raposas [ de acordo com a crença popular, esse animal possui poderes espirituais ]. Porém, adotando a raposa como seu objeto de adoração, a pessoa faz manifestar somente o estado de animalidade. Isso ocorre pelo fato de a vida da pessoa entrar em fusão com o objeto de adoração, atingindo um estado semelhante ao incorporado nele.

Na verdade, o único meio de realmente despertar para essa maravilhosa prática é experimentá-la na própria vida. É impossível compreender a fé ou a vida somente por meio da teoria ou lógica. A vida não é algo abstrato. Deve ser vivida e sentida. É a história que construímos com nossos esforços e lutas em meio a nossa realidade.

O Gongyo e o Daimoku representam a cerimônia na qual nossas vidas entram em harmonia com o Universo. O Gongyo é uma atividade em que, por meio de nossa fé no Gohonzon, vigorosamente colocamos em fusão o microcosmo de nossa existência individual com a energia vital do macrocosmo, de todo o Universo. Se realizamos isso regularmente a cada manhã e noite, nossa energia vital – nossa máquina – é fortalecida.

O Universo é composto por um incalculável número de partículas elementares: prótons, elétrons, nêutrons, fótons; e também por átomos que compreendem os elementos químicos, tais como hidrogênio, oxigênio e cálcio. Essas mesmas partículas e elementos constituem nosso corpo. Um estudioso sugeriu que " o corpo humano é feito do mesmo material que das estrelas", e denominou os seres humanos de "filhos das estrelas". Nosso corpo não somente é feito da mesma composição do Universo como também é governado pelos mesmos princípios básicos de geração e desintegração e pelo ritmo de vida e morte que permeia o cosmos.

Quando fazemos o Gongyo e o Daimoku diante do Gohonzon, o microcosmo de nossa vida individual entra em fusão com o macrocosmo do Universo.

Alguém poderia perguntar por que a recitação do Daimoku e a leitura do Sutra trazem benefícios mesmo sem se compreender o significado dos caracteres.

Um bebê toma o leite da mãe e se beneficia com esse ato; no entanto, ele faz isso sem conhecer a composição do leite. O mesmo acontece quando recitamos o Gongyo e o Daimoku.

Naturalmente, será muito melhor se compreendermos o significado; porém, isso somente nos ajudará a fortalecer nossa convicção na Lei Mística. Contudo, se tal compreensão não for acompanhada da prática, então ela perderá definitivamente seu significado.

Em 1273, quando estava exilado na ilha de Sado, no Japão, Nitiren Daishonin escreveu uma carta a seus discípulos e seguidores, intitulada "Prática dos ensinos do Buda".

O título "Prática dos ensinos do Buda", literalmente significa praticar em exato acordo com os ensinos do Buda. Há duas interpretações disto. Uma é que Nitiren Daishonin viveu de acordo com os ensinos de Sakyamuni e cumpriu todas as profecias do Sutra de Lótus. Uma outra é que as pessoas dos Últimos Dias da Lei (Mappo) devem cumprir os ensinos de Daishonin. Para Daishonin, o "ensino" foi o Sutra de Lótus exposto por Sakyamuni, e para nós é o Nam-myoho-rengue-kyo das Três Grandes Leis Secretas que Nitiren Daishonin ensinou e também os seus ensinos compilados do Gosho.

Numa outra carta intitulada: "O Verdadeiro aspecto de todas as Leis", Daishonin prediz que o Kossen-rufu (paz mundial) sem falha será alcançado no futuro, e conclui estabelecendo o núcleo da prática budista na era de Mappo(nossa era) para a eternidade – o caminho da fé, prática e estudo.

E.N.D., vol I: "(...) Exerça-se nos dois caminhos da prática e do estudo. Sem estes dois, não pode haver Budismo. Não somente o senhor deve se perseverar, mas também deve ensinar aos outros. Tanto a prática como o estudo surgem da fé. Deve contar aos outros com o melhor da sua habilidade, mesmo que seja somente a respeito de uma única sentença ou frase."

No Budismo de Nitiren Daishonin, o conceito de "prática" é definido pelo princípio de Jigyo keta, cujo significado literal é "prática individual e prática altruística". A prática individual (jigyo) corresponde à leitura diária do sutra (Gongyo da manhã e da noite) e da recitação do daimoku (Nam-myoho-rengue-kyo), com fé no Gohonzon, visando à felicidade pessoal. A prática altruística (keta) consiste em ensinar os outros os benefícios do Gohonzon e a grandiosidade da filosofia budista. Abrange, portanto, o chakubuku, a orientação, as palestras e quaisquer esforços para incentivar alguém a aprofundar sua fé no Gohonzon.

Freqüentemente, ouve-se a queixa: "Como posso incentivar uma outra pessoa quando não consigo fazê-lo a mim mesmo?" Podemos pensar que estamos longe, muito distantes, do ideal do bodhisattva que considera o sofrimento de todos os seres como se fossem seus. Porém, esse ideal pode estar muito mais próximo do que imaginamos.

Por exemplo, neste exato momento cada um de nós, sem exceção, tem algum problema que é uma fonte de frustração ou sofrimento. Nosso serviço é insatisfatório, não sabemos com pagar o aluguel do próximo mês, temos alguma doença grave etc. Há uma diferença muito grande entre nossos ideais e nossa realidade. Nós nos desprezamos. Não conseguimos nos comunicar com outras pessoas. Queremos nos casar e não conseguimos. Somos casados e desejaríamos que não fôssemos. Todos têm a sua origem de sofrimento.

Algumas vezes, as nossas próprias dificuldades podem parecer tão grandes que sentimos não ter condições de considerar o problema de ninguém mais. Nossa formação pode nos dizer que falar dos grandes benefícios do Gohonzon quando nosso coração não os está sentindo seria uma hipocrisia.

Entretanto, o budismo adota uma visão bastante diferente do nosso modo costumeiro de pensar. A atitude budista é que, em vez de esperar para agir quando tivermos sentimentos apropriados, devemos primeiro agir e então os sentimentos virão por si sós. Experimentamos isso, por exemplo, na prática diária do Gongyo. Nem sempre estamos dispostos a fazer o Gongyo. Porém, se mesmo assim sentarmo-nos diante do Gohonzon e começarmos o Gongyo, acabamos sentindo alegria e satisfação. O mesmo é verdadeiro com relação ao encorajamento de outras pessoas na fé. Podemos estar profundamente desanimados com os nossos próprios problemas. Porém, quando nos esforçamos para incentivar uma pessoa ou para falar sobre a existência do Gohonzon para alguém que está sofrendo, percebemos que mesmo antes de terminarmos de falar a nossa tristeza já se dissipou e a nossa esperança reapareceu.

Embora não seja óbvio à primeira vista, há uma vasta diferença no mundo interior de uma pessoa que considera sua prática budista como algo somente para o seu próprio benefício e uma outra que deseja sinceramente compartilhar seus benefícios com as outras. Com a primeira atitude, a pessoa tende a se paralisar. Com a segunda, consegue renovar eternamente a sua esperança, a coragem e a alegria de viver.

Nitiren Daishonin mostra neste Gosho (Prática dos ensinos do Buda) que a verdadeira prática é o chakubuku, isto é, transmitir o Verdadeiro Budismo a muitas outras pessoas, ajudando-as a dirigir suas vidas para a auto-perfeição.

Ele revelou que a iluminação provém da firme fé no Gohonzon e enfatizou a importância da prática para si mesmo – Gongyo e Daimoku. A "Prática dos ensinos do Buda" foi subseqüentemente escrito para esclarecer a importância da prática para os outros – chakubuku.

Qualquer filosofia sem a sua prática é uma idéia morta, e a prática sem filosofia não pode ser senão impulsiva e unilateral. O importante é reconciliar a filosofia com a prática, pois a grandeza de uma filosofia somente é reconhecível quando brilha pelo comportamento e experiência da pessoa. Este Gosho ensina-nos a praticar o Budismo de Nitiren Daishonin com a nossa mente, palavras e ações.

E.N.D., vol. I: "Os que crêem no Sutra de Lótus viverão pacificamente em sua existência e renascerão num bom lugar no futuro". Nitiren Daishonin, contudo, ensina que quando a pessoa pratica seus ensinos, os três poderosos inimigos surgirão sem falhas. Podemos viver uma vida pacífica somente com uma constante luta contra estes três. Ele explica que uma vida pacífica não é uma vida livre da preocupação ou ansiedade, mas uma independente e realizada, isto é, nunca frustrada por quaisquer problemas.

"A prática do Sutra de Lótus é chakubuku, a refutação das doutrinas provisórias."

"A prática dos ensinos do Buda" significa alcançar o Kossen-rufu (paz mundial) através do chakubuku.

Enquanto se viver, existirão infindáveis sofrimentos e lutas como a doença (seja de si próprio ou de um membro da família), a morte, os problemas financeiros, os problemas de relacionamentos, as insatisfações por não poder obter aquilo que deseja, etc. Não há como fugir deles. São realidades da vida.

A prática da fé, o Daimoku, é a força que realiza, infalivelmente, o hendoku iyaku (transformação do veneno em remédio). O sofrimento "veneno" transforma-se no remédio chamado "felicidade". Quanto maiores os problemas e sofrimentos, maior será a felicidade a ser alcançada. Esta é a força do Daimoku e, por esta razão, aquele que recita a Lei Mística não teme nada, pois não há nada o que temer.

Mesmo uma pequena árvore balança a um mínimo de vento. Entretanto, quando transforma-se numa árvore frondosa, não se abala diante de nenhuma tempestade. As pessoas também, se possuírem uma força vital fraca, serão facilmente influenciadas mesmo pela menor brisa de infortúnio.

Não há outro caminho senão o de fortalecermos a nós mesmos. Devemos nos tornar "árvores frondosas" inabaláveis mesmo diante dos mais poderosos ventos e das mais terríveis tempestades. Praticamos a fé de forma a conduzir nossa revolução humana a fim de desfrutar tais vidas e desenvolver tal força interior.

Embora imperceptível aos nossos olhos, uma árvore está sempre crescendo, dia a dia. O nosso Daimoku também, apesar de igualmente imperceptível, diariamente está nutrindo nosso crescimento como uma grande e frondosa árvore de boa sorte.

A Lei Mística é o maior dos tesouros do universo. Portanto, recitar o Daimoku significa estar, diariamente, acumulando tesouros em nossas próprias vidas.

Por outro lado, o Daimoku também age para limpar as causas negativas do passado assim como a água suja e turva é lavada pela água pura e límpida. Entretanto, o processo de limpeza leva tempo. No início, existe um pouco de água turva, ou seja, existe uma luta contra o próprio carma. Uma luta a qual, através da força do Daimoku, já foi consideravelmente amenizada. Conseqüentemente, perseverar na fé é vital, pois tudo se transformará drasticamente quando a vida de uma pessoa tornar-se completamente purificada. Infalivelmente haverá de se transformar numa existência de "felicidade indestrutível", transbordante de boa sorte e invulnerável a tudo. Tudo se torna prazeroso. Existe satisfação mesmo sem se ter fama ou riquezas. Instante a instante, os momentos serão de pleno contentamento. Tudo parecerá belo e pleno de alegria. Instantaneamente se poderá discernir a verdade e se distinguir o bem do mal. Vocês serão capazes de pensar no bem-estar das pessoas em quaisquer circunstâncias. Este é um estado de espírito que vocês serão capazes de desenvolver através da fé. Por isso, o caminho da felicidade não é, de forma alguma, algo difícil de se encontrar.

Em nosso mundo da fé dedicado à realização do Kossen-rufu, todos os que continuam resolutamente a recitar o Daimoku serão os verdadeiros vitoriosos. Com toda certeza, haverão de desfrutar uma vida de "felicidade absoluta", ou seja, o Estado de Buda.

O fundamental é que, compreendendo este único ponto, suas vidas estarão seguras para toda a eternidade. Além do mais, não existe mais nada de especial além do fato de recitarmos Daimoku. É necessário nos tornarmos pessoas de bom senso, corretas e admiráveis dentro da sociedade.

De fato, praticamos a fé para nos tornarmos cidadãos exemplares, bons pais, bons maridos ou esposas e bons filhos. É um Budismo que possibilita a elevação do próprio estado de vida, permitindo-nos tornar alguém assim.

Será uma completa derrota pessoal se praticarem fervorosamente por apenas algum tempo, com uma "fé de fogo", e, mais tarde, acabarem abandonando a fé. Desafiar a si próprios em pequenos progressos está perfeito. O importante é que vocês desenvolvam uma "fé como água corrente" que flui contínua e incessantemente como um rio que gradativamente aumenta de tamanho até desembocar no vasto oceano.

O Budismo existe para libertar as pessoas, não para restringi-las. O importante é se dedicarem, mesmo um pouco, todos os dias. O alimento que ingerimos diariamente transforma-se em energia para o nosso corpo. Nossos estudos, também, tornam-se um bem valioso quando dedicamos firmes esforços a isso dia após dia. Por essa razão, devemos viver cada dia de forma a nos desenvolvermos continuamente. e a força propulsora para realizarmos isso é o Gongyo.

Num certo sentido, não existe uma prática budista mais simples do que fazer o Gongyo e o Daimoku. não temos que praticar estranhas austeridades como em algumas tradições budistas esotéricas. Também no caso de um mecanismo, quanto mais sofisticada for a tecnologia, será mais fácil operá-lo. Da mesma forma, a superioridade do Budismo de Nitiren Daishonin nos capacita a extrair o estado de Buda por meio da prática mais simples.

No entanto, uma vez que a prática budista é realizada em meio a nossa vida diária, é muito fácil ficarmos com preguiça, ou negligenciá-la. Por isso, talvez não haja nenhuma prática mais difícil do que a da continuidade. Todavia, se desafiarmos para realizá-la um pouquinho mais cada dia, sem perceber teremos construído um caminho para a felicidade na profundeza da nossa vida; teremos construído um sólido dique que impedirá de sermos arrastados para a infelicidade.

O Nam-myoho-rengue-kyo incorpora o nome e a vida de Nitiren Daishonin. Aquele que recita o Daimoku consegue evidenciar o estado de vida do Buda Nitiren Daishonin dentro da sua própria. Certamente haverá de se atingir o Estado de Buda.

Não existem budas que ficam sofrendo eternamente na pobreza. Também não existem budas cruéis ou malvados, como não existem budas fracos que são derrotados na vida. Buda é um outro nome para uma pessoa que está determinada a vencer não importa o que aconteça.

Fontes de pesquisa:

# Escrituras de Nitiren Daishonin – A prática dos ensinos do Buda – volume I;
# Escrituras de Nitiren Daishonin – O Verdadeiro Aspecto de todas as Leis – volume I;
# Coletânea de orientações – Discursos do Presidente da SGI proferidos no Brasil – volume 1;
# Brasil Seikyo nº 1.484, de 14 de Novembro de 1998;

# Brasil Seikyo nº 1.493, de 30 de Janeiro de 1999.

Keiko Nakayoshi keiko@mc.gov.br


Preciosa Colaboração de
Charles Tetsuo Chigusa chigusacharles@hotmail.com Tóquio - Japão


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