Desembarquei em terras japonesas em
março de 1994, trazendo consigo a esperança de uma vida melhor. No início, tudo era
lindo e maravilhoso, mas no decorrer dos dias, devido aos problemas de adaptação,
saudade e outras dificuldades acabaram-se tornando uma fonte de tristeza muito grande no
meu coração.
Assim, a imagem que eu tinha do Japão
mudou-se completamente, ao ponto de querer largar tudo e retornar ao Brasil. Entretanto,
vim orando com o objetivo de transformar e superar todas as dificuldades.
Certo dia, o meu marido Ângelo, no
caminho para casa, encontrou o centro comunitário da Soka Gakkai da nossa cidade. Quase
que de imediato, fomos entregar a nossa carta de apresentação, onde constava que éramos
membros da BSGI.
A partir de então, iniciamos a nossa
participação nas atividades da organização japonesa e através deles que tomamos
conhecimento da existência do grupo Esperança. Por fim chegara a hora de lutar em prol
da paz e em busca de nosso objetivo, que por sinal, não era tão grande. Apenas
desejávamos construir uma casa, mas as dificuldades que surgiram nos impedia concretizar
o nosso objetivo.
O dinheiro que recebíamos era logo
enviado para o Brasil, para custear as despesas hospitalares dos nossos familiares. A
minha mãe, sofrendo de uma diabete aguda e a minha sograa, devido uma operação
necessária após sofrer um grave acidente.
Entretanto, mesmo diante dessas
dificuldades, não podíamos ser derrotados pela maldade e decidimos dobrar a quantidade
de daimoku, fazendo duas horas diárias e como consta na frase das escrituras de Nitiren
Daishonin: "Não há oração sem resposta", começamos a perceber os
benefícios, através da rápida recuperação dos nossos pais.
Apesar disso, eu achava que deveria me
dedicar ainda mais na organização. Mesmo com a dificuldade do idioma, por trabalhar e
ter duas crianças, decidi não falhar em nenhuma atividade da divisão das Senhoras, o
que consegui cumprir. Em paralelo, eu vi com os meus próprios olhos que os nossos
objetivos estavam sendo concretizados. Já tinhamos adquirido dois terrenos em ótima
localidade e já estávamos construindo a nossa casa.
Em 1998, eu decidi que deveria retornar
definitivamente ao Brasil, mas devido a crise econômica asiática, o nosso serviço foi
reduzido para metade e tivemos que mudar os nossos planos. Em 1999, eu renovei a minha
decisão, pois não poderia deixar que a situação financeira influenciasse os meus
objetivos. Decidi fazer uma prática sincera ao Gohonzon e não falhar no gongyo e
daimoku.
Realmente no dia de hoje, posso
confirmar para todos os senhores que consegui concretizar os meus objetivos. A nossa casa
está praticamente pronta e nela, conseguimos construir uma sala de 50 metros quadrados
especialmente para a realização de atividades em prol da paz.
Para completar, no dia 23 de novembro,
eu realizei um sonho que almejava desde a época da divisão das moças. Como um
representante do Brasil, pude participar juntamente com o presidente Ikeda, no festival
musical que foi realizado na Universidade Soka.
É muito difícil descrever a emoção
que senti no meu primeiro encontro com o mestre, pois pude ficar extremamente próxima
dele nesta atividade. Neste momento, refleti todos os momentos, desde o início da minha
prática provisória. Lembrei-me que quase deixei de receber o Gohonzon devido a
oposição dos meus pais e percebi que se tivesse desistido, não poderia ter alcançado
tudo que consegui até hoje.
Agradeci do fundo do meu coração ao
presidente Ikeda, por ter propagado o budismo por todo o mundo e de ter a oportunidade de
transformar o meu carma. Neste período que permaneci no Japão, pude aprender o
verdadeiro espírito de mestre e discípulo.
No mês de janeiro, estaremos
retornando ao Brasil e levo comigo o sentimento de transmitir a todos os companheiros do
Brasil, este meu pequeno aprendizado. Gostaria também de solicitar a todos os senhores
que ainda irão permanecer no Japão, que aproveitassem esta oportunidade e se dedicassem
ao máximo. Muito obrigada a todos !