Relato de Experiência
Suzanne
Michal
Haiti
Suzanne
Michal, relata sua experiência de vida que a levou ao Haiti e a concretização
de seus sonhos
‘Eu
encontrei com Myra na cidade de Bristol, em julho de 1989, quando eu estava
morando com o meu irmão. Eu havia retornado do Haiti, onde estava morando com
a minha irmã, durante o período de seis meses e Myra era minha vizinha. Eu
estava vivendo um período muito doloroso em minha vida, pois o meu marido
havia cometido o suicídio na França. Eu sentia que não poderia viver mais
na França e decidi me mudar para a Inglaterra.
Na
minha primeira visita, Myra me convidou para uma reunião budista. Eu fui,
meio desacreditada, mas esta se tornou uma absoluta revelação e cheguei a
chorar quando ouvi o gongyo. Eu instintivamente sabia que havia encontrado o
que estava procurando em toda a minha vida. E embora a minha mente lógica
estivesse perguntando o que estava acontecendo, eu sabia que poderia ajudar o
meu falecido marido através da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo.
Myra
me ensinou o gongyo. Ela era uma pessoa rigorosa. Ela lia passagens das
escrituras de Nitiren Daishonin e nós as discutíamos. Algo extremamente
profundo, pois eu estava ouvindo tudo aquilo que sempre acreditei em meu coração,
mas não sabia que era parte da filosofia budista. Houve dias que eu batia em
sua porta chorando, pois eu estava muito fraca e ela me abraçava em seus braços
como uma mãe espiritual.
A
recitação do daimoku evidenciou a minha energia vital e eu podia sentí-la.
Aos poucos, fui reobtendo força e estabilidade em minha mente. Myra era
severa e constantemente estimulava o meu auto-aprimoramento. Hoje, eu percebo
a sorte que tive de tê-la como uma veterana e no dia que recebi o Gohonzon,
percebi que este deveria ser consagrado na casa da minha irmã no Haiti.
Paralelamente,
um dos meus sonhos de infância se tornou realidade. Eu ouvi sobre um curso de
administração de terras e pensei: “Ei, este era um sonho que havia me
esquecido”. Assim, dentro de seis meses após iniciar a prática do budismo,
mergulhei na minha carreira e paixão: a proteção do meio-ambiente.
Enquanto
isto, no Haiti, a situação política estava causando muitos sofrimentos. Os
Estados Unidos decretaram um embargo comercial e eu não tinha notícias da
minha irmã, mas recitava o daimoku por sua proteção e especialmente do meu
cunhado, desde que ele é um líder político local. Depois de cinco anos e três
cursos, eu me graduei pelo Jardim Botânico Real, em Kew. Como a minha prática
budista havia me levado tão longe ! E logo, ouvi sobre um projeto para
estabelecer um jardim botânico no Haiti. O embargo havia sido cancelado, e a
vida no país estava mais fácil. Como havia vencido um concurso para
trabalhar neste projeto, eu senti que tudo estava se encaixando e retornava ao
Haiti após sete anos.
Antes
de partir fui visitar Myra e quando a vi, ela estava adoecida com câncer. Ela
me disse que havia duas pessoas na qual ela gostaria de ver antes de morrer, e
eu era uma delas. Juntas, recitamos o daimoku e no final, ela me disse:
“Suzanne, você me levantou do leito da morte. Este é o meu benefício por
tê-la introduzido à prática da fé”.
No
Haiti, tive a agradável surpresa de descobrir que minha casa – o jardim botânico
– também era um centro comunitário budista. Uma dançarina americana fez a
doação de metade do seu jardim para fazer um jardim botânico e como ela
tinha conexão com o budismo, as pessoas começaram a realizar reuniões em
sua casa. Cerca de vinte pessoas, a maioria homens, participavam das reuniões
realizadas aos sábados e apesar do gongyo ser bastante difícil, todos
mantinham um forte espírito de procura.
Eu
fiquei chocada com o estado da nação, o terceiro país mais pobre do mundo!
A degradação que aconteceu durante estes sete anos estava além da minha
imaginação. Nesta época, a minha irmã sofria muito e sempre estava muito
tensa. Devido ao envolvimento político do seu marido, eles estavam sempre em
perigo. Assim, sem perguntar nada, ela recitou e recitou o daimoku e
rapidamente se tornou mais calma.
Quando
me mudei para a casa dela, consagrei meu Gohonzon e consegui concretizar mais
um dos meus sonhos. Gradualmente, meu cunhado começou a se interessar pelo
budismo, principalmente sobre o carma, mas não compreendia a razão da minha
irmã ter se tornado budista. Hoje, a casa da minha irmã é palco de inúmeras
reuniões e o seu marido explica para todos os interessados sobre a prática e
o Nam-myoho-rengue-kyo.
No
ano passado, eu retornei para a França, grávida de sete meses. Eu
desembarquei na França no mesmo dia que o meu marido havia falecido há dez
anos atrás. Eu senti que um ciclo estava sendo completado e tinha a plena
confiança que minha irmã iria continuar a missão de propagar o budismo de
Nitiren Daishonin.
Em
julho do ano passado, um velho amigo de Bristol me ligou. De alguma forma, eu
sabia que Myra havia falecido. Nós também tivemos nosso primeiro encontro há
dez anos atrás e me senti privilegiada de tê-la encontrado. Nenhuma de nós
teria imaginado que um simples convite para uma reunião budista nos teria
levado. Desta forma, através da sua determinação em criar uma pessoa com
forte fé e convicção, ela indiretamente entrou em contato com inúmeras
vidas em um dos países mais pobres do mundo.
Atualmente
há cerca de sessenta membros no Haiti. A divisão das senhoras realizou a sua
primeira reunião em dezembro do ano passado, com a presença de noventa
mulheres. Meu cunhado continua atuando na política local e a minha irmã foi
nomeada responsável das senhoras da SGI-Haiti. Eu estou concluindo minha
graduação em Educação Ambiental e tenho uma bela menina. Tudo isto, agradeço
a Myra, eu tenho a absoluta certeza que ela renascerá em breve num lar que
poderá cuidar da chegada de um grande Buda.
Fonte:
UK Express, Junho 2000
Preciosa Colaboração de
Charles Tetsuo Chigusa
chigusacharles@hotmail.com Tóquio - Japão
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