Relato de Experiência
Naomi Niinou


Meu nome é Naomi Niinou e sou da cidade de São Paulo. Pratico o budismo de Nitiren há treze anos, residente há dez no Japão. Ainda no Brasil, por diversas vezes, o meu marido foi convidado para participar de uma reunião budista. Eu sempre rejeitava, pois acreditava que o mais importante eram termos condições financeiras para criarmos nossas duas filhas, ao invés de seguirmos uma religião. Mas, após muita insistência de nosso amigo, fomos numa reunião e no final já estávamos decididos a seguir o budismo.

Meu marido conseguiu um ótimo emprego, mas após dois anos, ele decidiu vir ao Japão. Logo, eu e as crianças desembarcamos por um período de um ano, mas o tempo foi passando e estou há uma década. Hä quatro anos, a minha filha caçula ficou com febre. Eu a levei ao médico que constatou a garganta inflamada e após dois dias, a febre não cessava. Levei para outro hospital e foi constatado que ela estava com um quadro de meningite avançada, e como ela havia ficado por mais de 36 horas com quase 40 graus de febre, os médicos me preveniram que ela deixaria de ser uma criança normal, pois teria sequelas que poderiam afetar o sistema auditivo, nervoso ou mesmo o óptico. Neste momento, comecei a recitar o daimoku com lágrimas nos olhos, orando para que a minha filha pudesse ultrapassar esta fase sem sequelas e se tornasse um real valor para a paz mundial. No terceiro dia da internação, o vírus já havia diminuído para 30% e após duas semanas obteve alta hospitalar.

Como havia uma constante alteração da temperatura corporal, eu a levava periodicamente nas consultas e por estar fraca, ela não conseguia frequentar as aulas de educação física. Nesta época, aceitei um novo desafio de entregar todas as manhãs, o jornal Seikyo Shimbun da minha comunidade. E apesar de não saber ler o japonês, decidi colaborar de alguma forma para o bem da minha comunidade. A minha filha foi se recuperando e fortalecida, começou a participar das aulas de educação física e a treinar tocar Wadaiko (tambor japonês), chegando até a participar de campeonatos na província de Kanagawa.

No ano seguinte, após superar esta fase, contraí um resfriado que acabou afetando o meu estômago. No exame de endoscopia, acabei descobrindo que estava com 10 pólipos que estavam situados na boca do estômago e caso aumentassem de tamanho, poderiam fechar a entrada do estômago.

O médico me alertou que poderia sofrer inúmeras cirurgias, visando a retirada gradual de todos os pólipos. Recitei o daimoku, preparando-me para o sucesso da operação. Assim, o médico retirou um total de 54 pólipos e durante todo a cirurgia não houve nenhuma hemorragia, pois como eles são cortados e cauterizados, sempre ocorre sangramentos que acabam dificultando o prosseguimento da intervenção cirúrgica. Posteriormente, o médico me disse que eu era a primeira paciente em toda a sua carreira que não apresentou sangramentos na retirada de pólipos.

Um ano depois, retirei outros 38 pólipos, sem que nenhum apresentasse vestígio maligno. Logo após esta cirurgia, comecei a apresentar dores na região do útero e após outros exames, foi constatado que havia um feto na minha trompa esquerda e que estava provocando uma hemorragia interna. Como corria risco de vida, fui transferida para o hospital universitário e recitava o daimoku para não me abalar, pois caso ficasse tensa, as alterações cardíacas poderiam provocar o aumento da hemorragia e afetar o coração. Por incrível que pareça, consegui me manter serena, orando para obter sabedoria e conseguir enfrentar mais este obstáculo.

No hospital, todas as salas de operações estavam ocupadas devido um grande acidente de trânsito que havia ocorrido na região. Mesmo nesta situação, consegui me manter tranquila, no aguardo de uma sala para cirurgia. Passei por três horas e meia na mesa de operações e no final havia perdido o sangue equivalente a dois partos (870ml). Minha recuperação foi rápida e uma semana depois já obtive alta, mas o médico me alertou que poderia levar um ano para que me restabelecesse completamente.

Como estava em repouso absoluto, recitava o daimoku deitada e sempre contei com o apoio dos membros da minha comunidade. Após três meses, já estava sem nenhuma dor ou quadro de anemia e em dois meses já estava empregada e trabalhando normalmente.

Como realizo o exame de pólipos anualmente, foi detectado um mioma no útero. Enfrentando mais um novo obstáculo, realizei o daimoku para amenizar o meu efeito cármico e para minha surpresa, duas semanas depois, o mioma havia desaparecido e somente constatou-se que o meu útero era um pouco grande. Senti que havia conseguido superar este novo obstáculo com vitória.

Hoje, a minha filha frequenta o ginásio e pratica ginástica olímpica, chegando a obter o quarto lugar no campeonato da província de Kanagawa. Continuo fazendo a entrega do jornal Seikyo Shimbun, sou vice-coordenadora de bloco e comunicadora dos membros do grupo working mrs. Por fim, com o apoio dos membros da comunidade, consegui concretizar dois chakubukus brasileiros. Muito Obrigada !

Preciosa Colaboração de
Charles Tetsuo Chigusa
chigusacharles@hotmail.com Tóquio - Japão

 


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