Relato de Experiência
Jorge Silveiro


Meu nome é Jorge Silveiro e atualmente resido no estado da Califórnia. Nasci em Cuba e vim para os Estados Unidos em 1967, quando tinha 12 anos. Aos 18 anos, comecei a praticar o budismo de Nitiren Daishonin. Eu estava repleto de problemas, pois estava casado há três meses e não era feliz com a minha esposa e estávamos cheios de dívidas. Como não tinha terminado o segundo grau, estava trabalhando por um salário mínimo e cheio de inseguranças e sem planos para o futuro.

Pouco a pouco, segui minha prática e fui avançando com base nas escrituras de Nitiren Daishonin e orientações do Presidente Ikeda. Passei a sentir uma alegria e segurança dentro de mim que nunca havia passado. Deixei de criticar e culpar os outros pelos meus problemas e comecei a fixar metas e tomar responsabilidades por minha vida. Finalmente consegui me formar como quiroprático, abri a minha própria clínica, comprei uma casa e formei uma bela família.

No início da década de 80, por inúmeras razões, acabei negligenciando a minha participação nas atividades da SGI e cheguei ao ponto de parar a prática por três anos. Mas, através da sabedoria da minha esposa Valeria, decidi voltar a prática após participar de uma reunião de final de ano.

No ano seguinte, participei da primeira conferência em espanhol, realizada no FNCC (Centro Cultural e Natural da Flórida). Nesta atividade, pude compreender a importância da prática para os outros. Posso dizer que tem sido um constante desafio, entretanto, percebo que quanto maior o esforço que empreendo para ajudar e orar pelos companheiros, mais rápido se resolvem os meus próprios problemas. Finalmente, cheguei a conclusão de que para recebermos um benefício completo na prática budista e fundamental ajudarmos aos outros.

Uma das experiências mais significativas na minha prática ocorreu depois da morte do meu pai, em janeiro de 1999. Minha mãe tinha 76 anos e ficou muito depressiva com a perda do seu companheiro de vida por mais de 50 anos. Em sua visita a Califórnia, a animei para iniciar a prática budista, chegando até a passar no exame de admissão do budismo. Assim, quando regressou em Miami, entrou em contato com os membros latinos e para minha surpresa, participava em atividades até quatro vezes por semana !

Dois meses depois, no mês de junho, a minha mãe foi para Cuba visitar seus familiares. Ela carregava um sutra com a firme decisão de que sua irmã iniciasse a prática budista. Seu plano incluia que ambas realizassem o gongyo da manhã e da noite na mesma hora, de forma que ficariam sempre unidas, através do budismo.

Para a sua surpresa, não somente a minha tia como 25 membros da família começaram a praticar. Ela me ligou de Cuba entusiasmada para dar-me a grande notícia e pedindo para enviar o Gohonzon para eles. Em resposta, lhe disse que seria necessário contactar a SGI em Cuba e que seria necessário que aprendessem a leitura do sutra. Posteriormente, soube que não há nenhuma organização oficial da SGI, mas um grupo de praticantes na capital, Havana. Assim, eu e minha mãe retornamos para Cuba no mês de outubro, com o objetivo de incentivá-los na prática.

Fiquei pasmo em presenciar a dedicação de todos desde junho, e sem a ajuda de ninguém. A única coisa que possuiam eram quatro sutras, uma gravação do gongyo em ritmo lento e quatro livros e artigos em espanhol para dividirem entre eles. Por decisão própria, eles decidiram reunir-se uma vez por semana para estudarem e fazerem o gongyo juntos e pude notar que alguns já haviam aprendido a pronúncia e o ritmo do gongyo perfeitamente.

A sinceridade com que iniciaram a prática é incrível. Outro ponto que me chamou a atenção e que eles não somente praticavam entre eles, como compartilhavam com os familiares, amigos e vizinhos. Além disso, cabe mencionar que a nossa família se encontra dividida em três áreas de Cuba: a capital, Havana, Santa Clara e Camaguey.

Na localidade de Guanabo, que se encontra cerca de 45 minutos de carro da capital, descobri que havia um grupo de cinco pessoas que estavam praticando desde o mês de junho e no breve período de três meses já existiam quinze pessoas que se reuniam de manhã e a noite para recitar o gongyo e o daimoku. Na cidade de Camaguey, que está a 10 horas da capital, chegamos a realizar uma reunião com 35 pessoas.

Gostaria também de relatar os benefícios obtidos através da prática pelos nossos familiares. Um tio e sua esposa mostraram grande interesse pela prática e deixamos um sutra com instruções sobre a prática. Após duas semanas, ela nos contou que iniciou a prática devido a suspeita de um tumor no seio. Quando foi fazer um exame com o médico responsável pela operação, descobriram que o tumor havia desaparecido. Outros contaram que se sentiam mais tranquilos com mais otimismo e seguros, também notaram que havia mais harmonia e união na família.

Em Havana, participamos em duas reuniões. Uma delas foi realizada em um apartamento, que estava tão cheio que muitos tiveram que permanecer do lado externo, mas a alegria que todos transmitiam foi comovente. A situação econômica em Cuba é bastante precária, sendo o salário médio está em torno de 30 doláres. Dentro deste ambiente social, os membros estão se empenhando na prática budista. Com esta experiência, eu percebi a importância e o impacto que cada um de nós podemos ter neste movimento em prol da paz mundial. Quem iria imaginar que o desejo da minha mãe em introduzir sua irmã ao budismo, iria gerar uma onda tão grande, com reflexos em diversas cidades cubanas. Estou determinado a não abandonar os membros em Cuba e fazer todo o possível para apoiar o desenvolvimento dos meus compatriotas, polindo a minha fé e daqueles que estão ao meu redor. Muito Obrigado.

Fonte: Resplendor do Espírito – Coletânea de Relatos de Experiências de membros latinos-americanos da SGI-USA.

Preciosa Colaboração de
Charles Tetsuo Chigusa chigusacharles@hotmail.com Tóquio - Japão

 

 


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