Relato de Experiência
Ariel Ricci


O coração do meu pai

 

Meu pai, Gilberto Ricci (“Tito”), tem 86 anos de idade. Mesmo tendo sido ateu a vida toda, começou a praticar o Budismo de Nitiren Daishonin aos 80 anos, pouco tempo depois de eu ter evitado que amputassem seu pé direito orando Nam-myoho-rengue-kyo. Esse foi meu primeiro grande relato de experiência.

 

Nestes últimos dias de 2006, sua saúde foi deteriorando-se de maneira alarmante. Principalmente no que refere-se à parte cardíaca (seu batimento cardíaco estava muito baixo) e, como conseqüência, na sua disposição para as atividades diárias.

 

Na 4ª feira 20 de dezembro de 2006, minha esposa Marly ligou para o Qualist (sistema de saúde domiciliar da Prefeitura pelo qual meu pai é atendido) solicitando a presença de uma equipe. No dia seguinte passaram em casa e sugeriram que levássemos meu pai ao Pronto Socorro Municipal por suspeita de AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Ligamos para uma conhecida nossa no PS, e foi providenciada a remoção através do resgate do Corpo de Bombeiros. O batimento cardíaco estava muito baixo e a pressão arterial aumentando assustadoramente. Antes de sair de casa, meu pai fez daimoku sanshô perante o Gohonzon.

Durante o traslado, o para-médico que cuidava dos sinais vitais do meu pai fez um gesto ao motorista indicando que meu pai não estava resistindo, pelo que tiveram que ligar a sirene para chegar o mais rápido possível ao Pronto Socorro.

 

Chegando lá, foi imediatamente atendido por uma médica que solicitou um eletrocardiograma e medicação. Ao receber o resultado do eletro, a médica, em pessoa, foi retirar meu pai da sala de medicação para levá-lo imediatamente à Emergência. Deixou bem claro que meu pai estava à beira da morte.

Imediatamente, a médica ligou para um cirurgião cardíaco de sua confiança relatando o gravíssimo quadro clínico do meu pai. O cirurgião, que não estava de plantão mas realizando uma cirurgia de emergência no hospital, respondeu que aguardaria pela chegada do meu pai.

A médica foi categórica ao afirmar que o único jeito de salvar a vida do meu pai era a implantação de um marca-passos.

 

No momento que ia ser trasladado até o Hospital Regional do Vale do Paraíba, a um quarteirão do PS, em uma UTI móvel e com o acompanhamento de um cardiologista, dada a gravidade do seu quadro clínico, minha esposa lhe disse para não esquecer de fazer daimoku, ao que ele respondeu que sim estava fazendo.

Assim que chegou no hospital, foi imediatamente levado ao Pronto Atendimento do mesmo. Durante esse tempo todo, minha esposa e eu fazíamos daimoku pela vida do meu pai.

Do lado de fora do hospital, perguntei a um segurança do mesmo onde estava meu pai e ele me indicou uma janela próxima, no andar térreo. Qual não foi minha surpresa quando me aproximei e vi meu pai deitado na maca, vivo e consciente!

Com o juzu nas minhas mãos, passei a orar Nam-myoho-rengue-kyo em voz alta, consciente que meu pai precisava, mais do que nunca de energia vital para sobreviver.

 

Após vários minutos, fomos chamados pelo cirurgião-cardíaco que estava cuidando do meu pai.

Nos informou da urgência de implantação de um marca-passos provisório para estabilizá-lo já que naquelas circunstâncias era muito arriscado implantar o definitivo.

Porém, havia um grande obstáculo: o hospital não dispunha de fontes de energia para marca-passos provisórios porque todos estavam em uso. Já tinham solicitado ao hospital privado da cidade e a um centro cardiológico renomado que responderam que não podiam emprestar a única bateria que dispunham e já estavam solicitando a outras cidades da região.

Ao mesmo tempo, a medicação solicitada pelo cirurgião estava em falta no hospital. Nesse momento, nos disse que o batimento cardíaco do meu pai tinha caído para 13, quando o normal é 70 (posteriormente, uma companheira budista que trabalha em UTI Cardíaca me disse que é o primeiro caso que conhece de alguém que tenha sobrevivido após chegar a 13 de batimento. Estou reunindo relatórios médicos neste sentido).

 

Para um mortal comum, este seria um momento de desespero, de abandono da luta. Mas, para alguém que pratica o Budismo de Nitiren Daishonin, que ora o Nam-myoho-rengue-kyo, para um buda, é o momento de tomar a decisão de vencer mais essa batalha.

 

Ao perceber a angústia no rosto do médico, lhe disse: “Doutor: vamos inverter os papéis. Eu vou tranqüilizá-lo. Não se preocupe com meu pai, porque eu garanto a vida dele com minha fé e minha prática até aparecer a fonte para a implantação do marca-passos. Até lá é comigo, depois com você”. O médico me olhou incrédulo e angustiado.

 

Voltei para fora do prédio para orar daimoku na janela da sala onde meu pai lutava pela sua vida. Para minha surpresa, a cortina estava um pouco mais aberta e não só conseguia ver meu pai como também o aparelho que media seus batimentos. Estava em 21! Firme no daimoku pela vida do meu pai, vi o aparelho marcar, como num taxímetro, 22, depois 23, 25, até chegar a 40, justo na hora em que fecharam a cortina. Estava mais convicto do que nunca que meu pai sobreviveria.

 

Enquanto cuidava da parte burocrática da internação, pelo SUS, minha esposa Marly fez chakubuku numa senhora com câncer e na sua filha, contando-lhes minha recente vitória sobre o câncer através da prática budista. Juntas recitaram, mãe e filha, o Nam-myoho-rengue-kyo e afirmaram que fariam qualquer coisa para vencer a doença.

 

O cirurgião retirou-se para descansar na sua casa, já que não era seu plantão. Disse-me que assim que achassem uma bateria ele seria informado e retornaria para realizar a implantação do marca-passos. Tornei a dizer-lhe para que descansasse porque eu estava garantindo a vida do meu pai com meu daimoku até ele ter condições de cumprir com sua função.

 

Pouco depois, fui informado que tinham achado uma fonte e que o cirurgião estava a caminho para garantir a vida do meu pai. Pude ver meu pai por alguns instantes conversando normalmente de futebol com um enfermeiro, completamente lúcido.

Fui avisado no instante que meu pai era levado ao Centro Cirúrgico para ser realizado o procedimento.

Enquanto isso, falei com a senhora com câncer e com sua filha incentivando-as a orarem Nam-myoho-rengue-kyo. Ambas reafirmaram que assim fariam e que venceriam a doença.

 

Quase à meia-noite fomos informados que a implantação do marca-passos provisório tinha sido um sucesso e que já estava programada a implantação do definitivo para o dia seguinte. Quando estávamos retirando-nos do hospital, uma médica nos autorizou a ver meu pai por uns instantes. Estava bem e consciente, com seu marca-passos provisório.

 

Ao chegarmos em casa, abrimos o butsudan para fazer um daimoku sanshô da mais profunda gratidão, com lágrimas nos olhos e a voz embargada...

 

De manhã, fomos visitá-lo na UTI Cardíaca. E qual não foi nossa surpresa ao vermos meu pai, diferentemente dos outros pacientes, numa sala exclusiva para ele, longe dos gemidos e reclamações de outros doentes!!!

 

O cardiologista que conversou conosco reafirmou a gravidade do estado de saúde do meu pai na noite anterior e sua surpresa, e de toda a equipe, com o fato dele ter resistido, principalmente pela idade avançada. Disse também que, a qualquer momento, seria realizada a implantação do marca-passos definitivo.

 

À tarde, quando nos preparávamos para visitá-lo novamente, na UTI, recebemos uma ligação do hospital informando-nos do sucesso na implantação do aparelho definitivo e que poderíamos visitar meu pai a qualquer instante no quarto para o qual já tinha sido transferido.

 

Quando chegamos, vimos que estava bem e já tinha sido alimentado. Fomos informados que poderia ter alta no dia seguinte ou no domingo.

 

Na manhã seguinte, recebemos outra ligação do hospital informando-nos que meu pai estava de alta e já podia voltar para casa.

 

Ao falar com um dos cirurgiões que realizaram o implante, ele confessou que não entendia como meu pai tinha resistido até a implantação do marca-passos...

Com um sorriso, lhe respondi que eu sabia por quê meu pai conseguiu sobreviver.

 

Hoje, conversando em casa com minha esposa, comentei como certas coisas são inerentes para quem pratica corretamente o budismo de Nitiren Daishonin: em nenhum instante, enquanto meu pai se debatia entre a vida e a morte, “pedi” pela vida do meu pai a algum ser supremo, a nada fora de mim... Em todo momento fui consciente que, por ser um buda, podia transmitir ao meu pai a energia vital do Universo, o Nam-myoho-rengue-kyo, para sustentá-lo enquanto dezenas de protetores budistas agiam decididamente para garantir-lhe não só a vida e sim a vida com qualidade. É o que o buda “Tito” merece nos seus últimos anos nesta existência.

 

Faço a seguinte pergunta a cada um que ler este depoimento: que outra religião, que não seja o budismo de Nitiren Daishonin, é capaz de oferecer tamanha convicção na vitória? Que outra religião, que não seja o budismo de Nitiren Daishonin, permite que seus praticantes obtenham tamanha prova real de sua veracidade, aqui e agora? Que outra religião, que não seja o budismo de Nitiren Daishonin, fornece a chave para transformar as piores circunstâncias num só instante?

 

Dedico mais esta vitória ao meu Mestre pelas três existências: Daisaku Ikeda. Ele que me forjou como um vencedor com suas orientações diárias, com seus incentivos, com o maravilhoso exemplo de sua vida.

Como poderia ser derrotado sendo um fiel discípulo de Ikeda Sensei?!

 

Obrigado, Sensei! Mais uma batalha que vencemos juntos!!! Já iniciamos o “Ano do Avanço e da Vitória” com alguns dias de antecedência!

 

Ariel Ricci

24 de dezembro de 2006

ahricci@gmail.com

Volta a seção de Artigos

 As Mais Belas Histórias Budistas
http://www.maisbelashistoriasbudistas.com/  - contato@maisbelashistoriasbudistas.com